Com a dança das cadeiras que manterá o governador da Bahia, Rui Costa (PT), no cargo até o final do mandato, e impedirá que ele concorra ao Senado, caberá ao PT indicar o nome do candidato a disputar a sucessão ao Executivo estadual. A definição foi anunciada nesta segunda-feira, 7, pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), que atribuiu a decisão de Costa à preservação da aliança entre PT, PSD e PP no estado. O senador Otto Alencar (PSD) rejeitou disputar o governo e vai buscar a reeleição na chapa governista, movimento que fechou as portas a uma candidatura de Costa ao Senado.
Segundo Jaques Wagner, o PT avalia três nomes para a candidatura que tentará manter a hegemonia petista na Bahia: Luiz Carlos Caetano, secretário de Relações Institucionais do governo estadual; Jerônimo Rodrigues, secretário de Educação da gestão Costa; e Moema Gramacho, prefeita da cidade de Lauro de Freitas. Segundo o senador, ainda haverá uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir o palanque baiano. Lula era um entusiasta da candidatura de Otto Alencar ao governo da Bahia, em um aceno ao PSD.
Entre aliados de Alencar que defendiam que ele fosse candidato a governador, e não ao Senado, há quem avalie os nomes cogitados pelo PT como inexpressivos eleitoralmente. Com o PT há dezesseis anos no poder na Bahia, o grupo hegemônico terá na eleição de 2022 a mais dura a ser enfrentada desde 2006, quando desbancou o carlismo. O adversário neste ano será o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), líder das pesquisas e herdeiro político do senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007).
Responsável pela articulação política do governo Rui Costa, Luiz Carlos Caetano tem como base política a cidade de Camaçari, quarta maior cidade baiana, onde foi vereador por dois mandatos e prefeito por outros dois. Caetano, que iniciou a carreira política no antigo PMDB, também foi deputado estadual (2003-2004) e deputado federal (2015-2019). Ele foi indicado à pasta de Relações Institucionais por Costa em maio de 2021.
Outro membro da equipe de Rui Costa cotado à sua sucessão, Jerônimo Rodrigues é um dos aliados mais próximos do governador e coordenou suas campanhas vitoriosas em 2014 e 2018. Rodrigues tem em seu currículo cargos em esfera estadual e federal antes de ocupar a Secretaria de Educação baiana, no início de 2019. Ele foi secretário-executivo adjunto do Ministério do Desenvolvimento Agrário, secretário nacional do Desenvolvimento Social e secretário estadual de Desenvolvimento Rural.
Já Moema Gramacho está em seu quarto mandato à frente de Lauro de Freitas, município na Região Metropolitana de Salvador com cerca de 205.000 habitantes, oitavo mais populoso da Bahia. Ela venceu as eleições de 2004, 2008, 2016 e 2020. Moema é ex-vereadora por Salvador (1997), ex-deputada estadual (1998-2004) e ex-deputada federal (2015-2019).
A decisão de Rui Costa não deixar o governo repete o arranjo adotado pelo próprio Jaques Wagner em seu último ano de mandato como governador, em 2014. Naquele ano, ele cumpriu o mandato até o final, abriu espaço para a indicação de Costa à cabeça de chapa, em uma composição com o PP na vaga de vice e o PSD ao Senado, com Otto Alencar. Com a vitória de Dilma Rousseff na eleição presidencial, Wagner assumiu em janeiro o Ministério da Defesa. Caso Lula seja eleito presidente, é certo que Costa ocuparia pasta de destaque em sua gestão.