Contrariando o posicionamento de outros partidos de oposição e de integrantes da própria legenda, lideranças do PT divulgaram uma nota, na tarde desta quinta-feira 4, recomendando que a população vá às ruas no domingo, 7, se manifestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. No texto, lideranças da legenda afirmam que não aceitam “que a democracia seja intimidada”.
Assinada pela presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), pelo líder do partido na Câmara dos Deputados, Enio Verri (PT-PR), e pelo líder da sigla no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), a nota diz que “as manifestações pacíficas de rua contra Bolsonaro e o fascismo são o fato novo na luta pela democracia e pela vida no Brasil. São ações legítimas, protegidas pelo artigo 5º da Constituição, que garante de forma expressa o direito às liberdades de expressão, reunião e de associação”.
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Clique e AssineAs convocações para as manifestações deste domingo estão sendo feitas pelas redes sociais, ocorrem em meio à pandemia de novo coronavírus e contrariam a recomendação de que não haja aglomeração de pessoas nesse período. O partido, porém, pede que os manifestantes “observem da melhor maneira possível, as medidas recomendadas pela OMS [Organização Mundial da Saúde], como uso de máscaras e o distanciamento social”.
As lideranças do PT também recomendam que os manifestantes resistam às “provocações” e isolem “os infiltrados, que já vêm agindo para tentar desvirtuar o caráter das manifestações e dar pretexto à repressão e ao discurso de fechamento do regime”. No último domingo, movimentos que levantavam bandeiras contra o fascismo e a ditadura, entre outros, confrontaram bolsonaristas em Copacabana, no Rio de Janeiro, e na Avenida Paulista, em São Paulo. Em Curitiba, black blocs provocaram vandalismo em um ato contra o governo Bolsonaro.
Em sua live semanal nas redes sociais, Bolsonaro pediu que seus apoiadores fiquem em casa para deixar os opositores, a quem chamou de “marginais”, “mostrarem o que é democracia para eles”. “Domingo agora, esse pessoal está marcando um movimento. Eu peço a todos aqueles que nos seguem, nos acompanham, que não participem desse movimento, fiquem em casa, vão pra outro lugar qualquer, e deixem eles mostrarem o que é democracia para eles. Eu não estou torcendo para ter quebra-quebra não, mas a história nos diz que esses marginais, de preto, que vão com soco inglês, punhal, barra de ferro, coquetel molotov, geralmente eles apedrejam, queimam bancos, queimam estações de trem e outras coisas mais”.
A convocação do PT contraria o posicionamento de outros partidos de oposição e revela a existência de uma dissidência dentro da própria sigla. Na quinta-feira, 4, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Weverton Rocha (PDT-AM), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB) e Otto Alencar (PSD-BA), líderes de seus partidos no Senado, divulgaram uma carta conjunta, também assinada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA), vice-líder da legenda na Casa, na qual recomendavam que a ida às ruas contra o governo Bolsonaro fosse adiada “pelo bem da população”.
“Observando a escalada autoritária do governo federal, devemos preservar a vida e segurança dos brasileiros, não dando ao governo aquilo que ele exatamente deseja, o ambiente para atitudes arbitrárias”, diz o texto.
“Os líderes dos diferentes partidos do Senado Federal, a saber a Rede Sustentabilidade, o PSB, o PDT, o Cidadania, o PSD e o PT, vem através desta nota desencorajar os brasileiros que, acertadamente, fazem oposição ao Sr. Jair Bolsonaro a irem às ruas nesse próximo domingo. Nosso pedido parte da avaliação de que, não tendo o país ainda superado a pandemia, que agora avança em direção ao Brasil profundo, saindo das capitais e agravando nos interiores, precisamos redobrar os cuidados sanitários e ampliar a comunicação com a sociedade em prol do distanciamento social”, afirmam os senadores.