Polêmicos e agressivos, candidatos de direita têm crescido com a força entre os eleitores de até 40 anos. Segundo especialistas ouvidos por VEJA, o que explica o fenômeno, em grande medida, é a compreensão de candidatos ultraconservadores da lógica das plataformas de comunicação, como X, Instagram e TikTok. O letramento digital é reforçado pela rebeldia comum aos jovens, que aderem a ideias radicais com mais facilidade.
“É um pensamento que foi muito potencializado pelas redes sociais. Os algoritmos se alimentam da polêmica e retroalimentam um pensamento mais radicalizado e essas pautas mais radicalizadas estão mais na extrema-direita do que na extrema esquerda”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Os absurdos funcionam como “isca”, capazes inclusive de “furar a bolha” e alcançar novos públicos. Pela lógica das redes, os jovens criam comunidades engajadas em um objetivo comum – a derrubada do establishment.
“As estratégias são muito semelhantes, com as de Bolsonaro, do ponto de vista do antissistema”, avalia Meirelles. “Mas, com a lógica do funcionamento das redes sociais muito mais apurada, se consegue transformar seguidores em soldados que trabalham pelos recortes de vídeos”, acrescenta.
Fora o discurso antissistêmico, o gênero, a escolarização e a classe econômica do eleitorado dos novos candidatos da direita também são semelhantes ao perfil dos apoiadores do ex-presidente.
“É um eleitorado masculino, escolarizado, igual a de Jair Bolsonaro. A diferença é que Bolsonaro tinha eleitores de mais de 35 anos. Agora, são eleitores jovens”, avalia Cila Schulman, CEO do Instituto Ideia.
A “nova cepa da direita”, como alguns especialistas identificam o movimento, atrai eleitores que recebem mais de cinco salários mínimos, mas também encontra ressonância na classe média, que sonha com a prosperidade, mas se encontra pressionada a conquistar bens materiais, como casa própria.