Podemos da Espanha critica xará brasileiro: ‘Amigos de Temer’
Secretário do partido de esquerda europeu disse ter se surpreendido com o registro adotado pelo antigo PTN
Autorizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a substituir o registro do antigo PTN, o Podemos recebeu críticas do seu homônimo espanhol. Em um vídeo divulgado por Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), um secretário da sigla de esquerda europeia declarou ter ficado surpreso com o fato de “amigos” do presidente Michel Temer (PMDB) terem adotado o mesmo nome para batizar uma legenda com ideais diferentes.
As críticas ao partido brasileiro foram feitas por Rafael Mayoral Perales, deputado eleito por Madri e secretário de relações com a sociedade civil e movimentos sociais do Podemos espanhol. “Uma coisa que nos surpreendeu é que nos disseram que algumas pessoas, que são amigas de Temer, estão utilizando um nome parecido ao nosso”, afirmou.
“A verdade é que queremos dizer muito claramente que aqueles que defendem Temer nada têm a ver com a gente”, disse Perales. “Nenhum amigo de Temer é amigo do Podemos.”
Progenitor do Podemos brasileiro, o PTN foi fundado em 1945 e teve entre os seus quadros o ex-presidente da República Jânio Quadros e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. A autorização do TSE para o partido trocar de nome foi expedida em maio. No evento de lançamento da legenda, o senador Alvaro Dias (PR) foi confirmado como pré-candidato à Presidência nas eleições de 2018.
Em entrevista a VEJA, Dias declarou que a mudança de registro não alterava só o nome do partido. “Mudamos o conteúdo, a postura, a imagem, o programa, o estatuto e a gestão”. Dias, que prefere chamar o Podemos brasileiro de “movimento”, disse que a população saberia distingui-lo da legenda espanhola. Ele afirma que a sua sigla adotará uma postura política de centro e defenderá ideais liberais na economia.
Apesar de Perales ter chamado o Podemos de “amigos de Temer”, o partido se posicionou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara a favor do relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que defendia a admissibilidade da denúncia por corrupção passiva contra o presidente. O voto foi dado pela deputada Renata Abreu (SP), que substituiu Carlos Henrique Gaguim (TO) na CCJ.