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PF relaciona ‘lives’ de Bolsonaro à atuação de milícias digitais

Em relatório ao STF, delegada cita transmissões em que o presidente difundiu notícias falsas sobre fraudes eleitorais e aponta para gabinete do ódio

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 fev 2022, 23h09 - Publicado em 10 fev 2022, 22h27

Um relatório parcial apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Polícia Federal na noite desta quinta-feira, 10, relaciona duas transmissões feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais ao “modo de agir” de uma suposta organização criminosa investigada em um inquérito na Corte. Trata-se da apuração sobre as “milícias digitais”, conduzida por Alexandre de Moraes, justamente o ministro do STF que é considerado por Bolsonaro como seu maior inimigo no Supremo. O documento também aponta para a atuação do “gabinete do ódio” instalado no Palácio do Planalto.

As lives citadas pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, que está à frente de outras apurações contra o presidente da República, são a que teve Bolsonaro apresentando dados falsos sobre supostas fraudes nas eleições de 2014 e a transmissão em que ele vazou dados de um inquérito policial que investigou fraudes eleitorais.

A delegada cita as lives de Bolsonaro entre os “eventos relacionados” ao grupo dedicado a criar, publicar e difundir mensagens com conteúdos que se enquadram como possíveis crimes de calúnia, difamação, injúria e violação de sigilo funcional, entre outros delitos, para “assegurar vantagens financeiras e/ou político partidárias aos envolvidos”.

“Todos esses eventos possuem correlação e revelam semelhança no modo de agir, bem como aderência ao escopo descrito na hipótese criminal”, diz Denisse, referindo-se às duas transmissões, entre outros pontos. Como revelou o Radar, a delegada entrará em licença-maternidade e deixará as investigações que têm Bolsonaro como alvo. Em uma das frentes, a que apurou a divulgação do inquérito sobre fraudes eleitorais, ela já atribuiu o crime de vazamento de dados sigilosos ao presidente.

No mesmo relatório parcial, que pede a Moraes a continuidade das investigações sobre as milícias digitais, a PF diz ter identificado a atuação de uma estrutura que opera por meio do chamado “gabinete do ódio”, grupo de assessores do Palácio do Planalto cuja principal função é disseminar ataques a adversários do presidente nas redes sociais.

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Para os investigadores, trata-se de um “grupo que produz conteúdos e/ou promove postagens em redes sociais atacando pessoas (alvos) – os ‘espantalhos’ escolhidos – previamente eleitas pelos integrantes da organização, difundindo-as por múltiplos canais de comunicação”.

A investigação mapeou o modus operandi da suposta organização criminosa para atacar, além de adversários políticos, ministros do STF e integrantes do governo, “tudo com o objetivo de pavimentar o caminho para alcance dos objetivos traçados (ganhos ideológicos, político-partidários e financeiros)”.

Segundo a apuração, o grupo age buscando disseminar “alto volume” de informações em diversos canais, levando à “variedade e grande quantidade de fontes”, “de maneira rápida, contínua e repetitiva, focada na formação de uma primeira impressão duradoura no receptor, a qual gera familiaridade com a informação e, consequentemente, sua aceitação”. O relatório aponta que os conteúdos não têm “compromisso com a verdade” ou com “a consistência do discurso ao longo do tempo (uma nova difusão pode contrariar absolutamente a anterior sem que isso gere perda de credibilidade do emissor)”.

“As diversas comunicações entre os integrantes da organização, o cruzamento de dados adquiridos mediante quebra de sigilo legal, as oitivas e os documentos obtidos permitem identificar a estrutura montada, os papéis de seus membros e os objetivos buscados, os quais são até aqui indicadores de uma atuação orquestrada, que pratica os fatos descritos com o propósito de difundir os ataques e/ou desinformação, criando ou deturpando os dados para obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros diretos ou indiretos por canais diversos”, diz o relatório assinado pela delegada.

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Como exemplos da atuação das milícias digitais, o documento cita a disseminação do tratamento precoce contra a Covid-19 por meio de medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, como hidroxicloroquina, cloroquina e azitromicina, e a montagem de dossiês.

A PF pontua ser necessário fazer distinção entre os possíveis crimes cometidos pelas milícias digitais e meras manifestações de opinião. No caso da organização criminosa sob investigação, o relatório sustenta haver “nítido propósito de manipular a audiência distorcendo dados, levando o público a erro e induzindo-o a aceitar como verdade aquilo que não possui lastro na realidade”. Esse ponto de vista é reforçado, diz a delegada, por informações de que houve uso de robôs para potencializar o alcance das mensagens.

Entre as diligências enumeradas por Denisse Ribeiro como necessárias à continuidade das apurações estão a individualização dos supostos crimes praticados, com indicação de autores e partícipes, além de novos depoimentos e cruzamento de dados.

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