PF identifica 627 mensagens entre Jordy e envolvido em atos golpistas
Diálogo que motivou mandado de buscas e apreensão ocorreu no dia seguinte à eleição
A Polícia Federal identificou 627 registros de trocas de mensagens entre o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara, e o empresário Carlos Victor de Carvalho, o CVC, apontado como “forte liderança” da extrema direita em Campos dos Goytacazes (RJ). Vinte e duas dessas mensagens ocorreram entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, período que vai do resultado da eleição presidencial vencida por Luiz Inácio Lula da Silva até a tentativa de golpe de estado.
A troca de mensagens, que motivou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes a autorizar buscas e apreensões da Polícia Federal em endereços de Jordy e outros investigados nesta quinta-feira, 18, ocorreu no dia seguinte à eleição. Em 1º de novembro de 2022, CVC consulta o deputado, a quem chama de “líder”, sobre a possibilidade de “parar tudo”. Segundo os investigadores, o empresário fazia referência aos protestos de bolsonaristas que à época bloqueavam estradas em diversos pontos do país, entre eles Campos de Goytacazes.
“Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? tem poder de parar tudo”, afirma CVC. Jordy então revela receio em trocar mensagens sobre o assunto e responde: “Fala irmão, beleza? Está podendo falar aí?”. Segundo o MPF, a troca de mensagens “levanta fortes suspeitas da participação de Carlos Jordy nos atos que ocorreram”.
Segundo a PF, CVC organizava ao menos quinze grupos de WhatsApp em que eram trocadas mensagens de teor golpista e se o rganizavam manifestações antidemocráticas. Segundo os investigadores, há indícios de que o parlamentar orientava o empresário e “tinha o poder de ordenar as movimentações antidemocráticas, seja pelas redes sociais ou agitando a militância da região”.
Carlos Victor de Carvalho foi preso em 18 de janeiro de 2023, no Espírito Santo, por participação nos atos de invasão de depredação dos prédios dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em Brasília, em 8 de janeiro. Na véspera, quando já havia sido expedido o mandado de prisão contra ele, CVC trocou mensagens com Jordy. Isso, segundo a Polícia Federal, “reforça os indícios de forte vínculo” entre eles.
Carlos Jordy se manifestou nas redes sociais sobre a operação deflagrada nesta quinta-feira. Segundo o deputado, o mandado era “totalmente arbitrário” e que ele nunca apoiou atos antidemocráticos. “Em momento algum eu incitei, eu falei que aquilo ali era correto”, disse.