O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) fez um pedido a “autoridades”, nesta terça-feira, 16, para que tenha objetos pessoais devolvidos.
“Peço encarecidamente que as autoridades finalmente devolvam meu computador e outros objetos, pois preciso continuar meu trabalho. Um grande abraço a todos!”, publicou o filho Zero Dois do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais.
https://twitter.com/CarlosBolsonaro/status/1813280398656381042
Carlos teve o computador, documentos e até disquetes apreendidos no final de janeiro, quando a Polícia Federal realizou uma das fases da Operação Última Milha, sobre a chamada “Abin paralela”, que apura a espionagem ilegal de autoridades pelo órgão de inteligência durante o governo Bolsonaro. O caso é relatado no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ministro Alexandre de Moraes.
As investigações apontam que diversas autoridades foram monitoradas ilegalmente, incluindo adversários políticos e membros do Judiciário, usando um programa chamado FirstMile, que monitora os sinais de celular dos alvos. As informações colhidas eram repassadas ao clã Bolsonaro, e o ex-presidente chegou a admitir que recebia informações dessa “Abin paralela”.
No dia seguinte à operação que vasculhou endereços ligados a Carlos, o segundo filho do ex-presidente usou as redes sociais para reclamar da “bagunça” deixada pelos agentes após as diligências. Ele estava com o pai e os irmãos na casa da família em Angra dos Reis (RJ) no dia da ação — eles faziam um passeio de lancha quando os agentes chegaram.
“Cheguei há pouco em casa com muitas coisas reviradas e largadas abertas. Aos poucos reorganizando tudo”, escreveu o vereador no X (antigo Twitter). Nas imagens, ele mostra gavetas abertas e pertences espalhados pelos armários.
Novas diligências
Após as diligências de janeiro, o caso da “Abin paralela” teve novas descobertas. Na última quinta-feira, Moraes retirou o sigilo das investigações, em andamento desde 2023. Os autos mostram que uma organização criminosa formada por funcionários da Abin invadiram celulares e computadores de autoridades e pessoas públicas, como jornalistas, durante os anos Bolsonaro.
Entre os espionados estão o próprio ministro Alexandre de Moraes, além de outros magistrados da Corte, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
As descobertas da investigação incluem ainda um áudio supostamente clandestino gravado pelo então diretor da Abin, o deputado federal Alexandre Ramagem. Na gravação, Ramagem discute com Bolsonaro e auxiliares a atuação de agentes da Receita Federal na investigação sobre o suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando ele ainda era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Ramagem é hoje pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro e tem Carlos como um dos coordenadores de campanha. Delegado de carreira da Polícia Federal, Ramagem aproximou-se do clã Bolsonaro após a facada sofrida pelo ex-presidente na campanha presidencial de 2018.