Ao recepcionar o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), nesta segunda, 27, em Caxias do Sul, o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), apresentou novo pedido bilionário de ajuda ao governo federal. O tucano quer agora um repasse estimado em 11 bilhões de reais como compensação para as perdas de arrecadação previstas em função da destruição provocada pelas chuvas no estado.
O anúncio feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de suspender por três anos o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União, gerando uma economia de 12 bilhões de reais no período, não terá o efeito desejado para a reconstrução do estado diante do “profundo desequilíbrio pela perda de receitas”, argumentou Leite.
“Estamos demandando, também, a recomposição das perdas de arrecadação, que calculamos poderem chegar a 11 bilhões de reais até o fim do ano. O Rio Grande do Sul gera arrecadação de impostos federais ao ano bem maior do que recebe de volta. Neste momento de dificuldade, precisamos de mais receita para garantir o equilíbrio, a manutenção dos serviços e promover a recuperação do estado”, escreveu nas redes sociais.
Pela internet, Leite também voltou a cobrar o governo federal sobre a criação de um programa que ajude a manter os empregos dos gaúchos, nos moldes adotados durante a pandemia de Covid-19. “Também precisamos avançar nas medidas de crédito a empreendedores, com a participação dos bancos públicos e cooperativas de crédito, dando capilaridade a essas iniciativas no nosso território.”
Alckmin
O vice-presidente da República desembarcou nesta manhã na base aérea de Caxias do Sul, oficialmente inaugurada nesta segunda para voos comerciais. O aeródromo funcionará como um terminal de passageiros provisório até que o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, esteja recuperado dos danos causados pelas chuvas. Com a pista ainda alagada não há qualquer previsão para que isso ocorra.
Acompanhado do ministro Márcio França (Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte) e da mulher, Lu Alckmin, o vice-presidente também ouviu demandas de empresários gaúchos diante das perdas no campo e nas cidades. Desde o começo das enchentes, em 30 de abril, o governo Lula já destinou à economia gaúcha mais de 60 bilhões de reais em resposta à tragédia, que atinge 469 dos 497 municípios do estado. Ao todo, 169 pessoas morreram e 56 seguem desaparecidas.
Ao atender jornalistas, Alckmin evitou se comprometer a atender os novos pedidos de Leite. O vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços, adiantou, porém, que a União deve fazer novos anúncios nesta terça, 28, de linhas de crédito às grandes empresas por meio do BNDES. “O banco vai se instalar em Porto Alegre e trabalhar juntamente com as empresas”, disse.
Leite, por sua vez, ressaltou que a reconstrução do estado não será viável apenas com recursos do estado e que a recomposição da arrecadação é imprescindível. “Apenas no mês de junho a estimativa é que a perda de arrecadação seja de 60% por conta de todo o impacto econômico que estamos vivenciando. Isso vai nos gerar dificuldades para as despesas ordinárias do estado, por isso, estamos pedindo apoio à União”, explicou Leite. De acordo com o tucano, as ações estaduais, com recursos do Tesouro, já somam 700 milhões de reais.
“Mas essa parceria com o governo federal é importante porque o ente federativo que tem fôlego fiscal e a possibilidade de emitir dívidas é a União. Então, dentro da solidariedade federativa, invoco que o estado, que mais contribui com impostos do que recebe, como outros estados mais industrializados, seja atendido neste momento”, declarou Leite.