Joesley Batista não poderia estar mais errado quando, cheio de confiança, profetizou para um de seus assessores mais próximos, Ricardo Saud: “No final, a realidade é essa: nós não vai [sic] ser preso. Nós sabemos que nós não vai [sic]. Vamos fazer de tudo, menos ser preso”.
O atentado contra a língua portuguesa foi só o primeiro dos três erros embutidos na frase, contida em um áudio que, ao vir a público em setembro de 2017, comprometeu seriamente o generoso acordo de delação premiada obtida pelo empresário e seu irmão, Wesley Batista.
O segundo veio alguns dias depois, quando o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a prisão dele, sob a alegação de que fatos criminosos foram escondidos da Justiça no acordo, o que é proibido pela lei da delação premiada. A situação desta prisão ainda foi agravada quando foi imposto a ele um outro mandado, dessa vez relacionada a uma estratégia de vantagem ilícita dele e de Wesley se aproveitando do impacto econômico dos próprios depoimentos.
Joesley obteve os dois habeas corpus de que necessitava e acabou solto em março deste ano. Oito meses depois, a profecia dele é descumprida pela terceira vez. Após a descoberta de novas omissões na confissão feita, Joesley e Saud foram presos pela PF no âmbito da Operação Capitu, um desdobramento da Lava Jato que investiga um esquema de corrupção no Ministério da Agricultura entre os anos de 2014 e 2015.
Má notícia para Joesley, que pretendia ser a “tampa do caixão” da política brasileira e, de quebra, se livrar das centenas de crimes confessados. Um pedido da PGR para que o acordo de delação do empresário seja definitivamente rescindido aguarda análise no STF.