Abraham Weintraub, ex-ministro da Educação e um dos principais nomes da ala olavista (influenciada pelo escritor Olavo de Carvalho) a passar pela atual gestão, caiu no ostracismo em relação ao governo, de onde saiu em junho de 2020, mas ainda mantém vivo o sonho de disputar o governo de São Paulo com o apoio do bolsonarismo radical.
No Twitter, onde tem mais de 1,1 milhão de seguidores, ele tem interagido com publicações que pedem a sua candidatura com a hashtag #WeintraubGovernadorSP e criticam os seus prováveis concorrentes no campo da direita, dizendo que ele é o principal nome do bolsonarismo após a aparente desistência do ministro da Infraestutura, Tarcísio Freitas — este era o preferido do presidente Jair Bolsonaro, mas deve disputar o Senado por Goiás.
Weintraub, além de curtir o movimento de seus apoiadores, diz que foi vítima de ataques que enfraqueceram o seu pólo ideológico na disputa pelo governo de São Paulo em 2022. Em uma das postagens em que cita a desistência de Tarcísio, o ex-ministro da Educação afirma que “o único resultado das ofensas que sofri (da possível disputa por São Paulo) foi enfraquecer e dividir a direita”.
https://twitter.com/AbrahamWeint/status/1436730101857726466
Em outra postagem, o ex-ministro da Educação reclama de ataques da própria direita a sua candidatura. “Achei que após o Tarcísio desistir de SP a ‘direita ZV (referência a perfis que usam fotos fakes com luz verde nos olhos)’ iria parar de bater nos Weintraub (ele e seu irmão, Arthur, ex-assessor da Presidência da República). Os ataques aumentaram!”, afirmou.
https://twitter.com/AbrahamWeint/status/1439248516711321602
Weintraub também compartilhou críticas a possíveis candidatos ao governo estadual, principalmente, Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB. Ele retuitou uma postagem que cita supostos escândalos em que o ex-governador já esteve envolvido e diz que a solução para o estado seria ele, Weintraub. O ex-ministro também fez entrevistas com tom eleitoral, em que mantém o foco em ser candidato no estado.
Weintraub pode continuar fazendo o que melhor fazia quando era ministro — bancar o animador da platéia radical de direita que gravita em torno do bolsonarismo –, mas a chance de ele ter o apoio de Bolsonaro em São Paulo é praticamente nenhuma. No governo, ele virou uma fonte constante de problemas para o presidente, ao atacar o STF e a China, por exemplo, e sua saída foi uma forma de pavimentar a entrada do Centrão no governo como forma de dar algum pragmatismo à gestão. Weintraub ganhou, então, o cargo de diretor no Banco Mundial.
Pesquisa Datafolha divulgada em setembro mostra que Weintraub teria 1% dos votos na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, atrás de Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 26%; de Fernando Haddad, do PT ( 17%); de Márcio França, do PSB (15%); de Guilherme Boulos, do PSOL (11%); do próprio Tarcísio de Freitas (4%); e do ex-bolsonarista Arthur do Val, do Patriota (4%).
Em São Paulo, Bolsonaro ainda não tem um candidato para apoiar ao governo. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, é um que tenta obter o apoio do presidente, mas também não empolga. Com a desistência de Tarcísio, Bolsonaro não tem, por ora, nenhum candidato para chamar de seu no estado.