Depois que a comissão das prévias do PSDB para definir o candidato do partido à Presidência da República decidiu suspender a participação no processo de 92 filiados de São Paulo que teriam se associado à sigla após a data limite (31 de maio), impondo uma derrota à campanha de João Doria, a equipe do governador paulista insiste na lisura dessas 92 inscrições e argumenta que, se for usado o critério semelhante pela comissão, ela precisaria agora excluir ao menos outros 32 filiados do processo. “Cometeram o mesmo ‘crime’ no Rio Grande do Sul daquilo que ainda defendemos que não é crime”, resume um aliado de Doria.
Entre os nomes que São Paulo pede a exclusão, há oito membros do diretório da Bahia, cinco de Minas Gerais e dezenove do Rio Grande do Sul. Os três estados apoiam a candidatura do governador gaúcho, Eduardo Leite, o principal rival de Doria — o ex-senador Arthur Virgilio também disputa as prévias. “Se pudermos aprofundar essa análise para cada um dos filiados de cada estado, chegaremos a centenas, talvez mais de mil”, afirma petição assinada pelo presidente do diretório de São Paulo, Marco Vinholi, enviada à comissão eleitoral das prévias. Isso porque os paulistas afirmam ter tido acesso a apenas “uma parcela” do registro de filiados de outros estados.
Os tucanos de São Paulo continuam negando que os registros desses 92 filiados — prefeitos e vice-prefeitos do interior do estado — tenham alguma irregularidade. Segundo aliados de Doria, boa parte dos 92 vetados irão à Justiça para poderem recuperar o direito ao voto. De acordo com a equipe do governador, essas filiações teriam sido lançadas no sistema do Tribunal Superior Eleitoral fora do prazo, mas haviam sido feitas no tempo permitido para participarem do pleito. Segundo eles, não houve qualquer atitude ilícita e, se a habilitação desses filiados não for possível, os casos similares em outros estados também precisam ser desconsiderados.
Diante da acusação feita por São Paulo, o presidente do diretório estadual do PSDB do Rio Grande do Sul, deputado federal Lucas Redecker, afirmou que não houve, no Estado, casos de filiação em datas diferentes. “Não fizemos nenhuma filiação retroativa aqui”, disse o deputado a VEJA, que acrescentou: “Nós não fabricamos eleitores aqui, principalmente eleitores qualificados, como prefeitos e vices, que têm voto com peso diferenciado.”
Redecker complementou, entretanto, afirmando que ainda não havia sido informado sobre quais seriam os 19 nomes, mas que o diretório local deveria analisar cada um dos casos. “Nós temos responsabilidade e não compactuamos com o erro. Se de fato algum diretório municipal, nessas filiações normais que se fazem todos os dias, for comprovado que foi feito retroativo, nós mesmos, do próprio Estado, pediremos o afastamento dessas pessoas, para que elas não votem”, afirmou.
O deputado, que também é membro da comissão das prévias, defendeu ainda que o órgão avalie todos os casos, assim como foi feito com os filiados de São Paulo que terminaram suspensos.