O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, recorreu a um provérbio para ilustrar suas impressões sobre o depoimento do ministro Sergio Moro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre os diálogos que travou com o procurador Deltan Dallagnol enquanto era juiz da operação Lava Jato. “Ele procurou reafirmar que sempre atuou com equidistância, mas é o que eu digo: como a mulher de César ‘não basta ser, precisa parecer'”, disse a VEJA. “Eu presumo que todos sejam corretos até que provem o contrário”, completou.
Depois de quase nove horas de sessão, o ministro prestou esclarecimentos aos Senadores nesta quarta-feira 19 sobre os diálogos entre ele e o procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. As conversas, divulgados pelo site The Intercept Brasil, mostram que o então juiz orientou ações do Ministério Público Federal na operação.
Aos senadores, o ministro reafirmou que as mensagens foram obtidas de forma ilícita, mas disse não ter visto nenhuma irregularidade nos diálogos com Dallagnol. Para Sergio Moro, há movimentos de um “grupo criminoso” para anular condenações na Lava Jato, impedir investigações e atacar as instituições. Moro afirmou ainda que não teria problema em pedir demissão do cargo se ficasse comprovado que ele cometeu irregularidades.