O candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), se envolveu em uma discussão com o ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais na manhã desta quinta-feira, 22.
O ex-coach comentou uma publicação do Instagram de Bolsonaro na qual o ex-presidente mencionava entregas de ferrovias em seu governo. “Pra cima capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”, disse Marçal. O perfil oficial de Bolsonaro, no entanto, ironizou: “Nós? Um abraço”. Não é possível saber se o comentário foi enviado diretamente pelo ex-presidente (sabe-se, no entanto, que Carlos Bolsonaro, que recentemente se envolveu em uma discussão com o coach, é um dos principais responsáveis pelas redes sociais de Bolsonaro).
Marçal rebateu. “Isso mesmo. Coloquei 100 mil reais na sua campanha para presidente, te ajudei nas estratégias digitais, fiz você gravar mais de 800 vídeos no Planalto. Entrei para a lista de investigados da PF por te ajudar. Se não existe o nós, seja mais claro”, disse o empresário, fazendo ainda uma cobrança. “Não nos curvaremos a comunistas na eleição de São Paulo e se o capitão quiser me tirar do ‘nós’, me ajude devolvendo os 100 mil reais depositando na minha campanha aqui de prefeito.”
O advogado e ex-ministro da Secom de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, se manifestou nas redes e afirmou que o ex-presidente não pediu doações durante o período eleitoral. “Aos assessores que se dizem ‘bolsonaristas’ que ora acompanham candidatos que buscam se valer de atributos do presidente, de seu enorme e inigualável capital político, deveriam resguardar e proteger a marca ‘BOLSONARO’ ao invés de servir de foca adestrada de animadores de torcida digital que se perdem em montanhas”, publicou o aliado.
Atrito com PL
No comentário deixado na publicação, Marçal cita a aliança fechada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que se decidiu pelo apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) à prefeitura de São Paulo. “Entendo sua palavra ao Valdemar Costa Neto, mas a honra e a gratidão são frutos de um homem sensato. Todos os nossos desentendimentos foram resolvidos, almoçamos esses dias, você me deu a medalha e eu continuo te respeitando.” Em seus stories, Marçal compartilhou a publicação de Bolsonaro na qual se desenrolou a discussão e pediu para que seus seguidores comentassem “com respeito” na postagem do ex-presidente.
Também nesta quinta-feira, 22, Marçal fez uma publicação em sua própria conta no Instagram com elogios ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e, novamente, disparou contra a escolha do PL em apoiar Nunes. “Irmão, parabéns por dedicar sua vida na luta contra os comunistas”, disse. O post foi considerado uma ironia a Eduardo, que, um dia antes, publicou um vídeo no X (antigo Twitter) “detonando” o fato de Marçal ter cancelado de última hora uma entrevista com o comunicador bolsonarista Paulo Figueiredo. O motivo apontado foi que Marçal não queria responder a perguntas sobre sua relação com Alexandre de Moraes — “persona non grata” para os bolsonaristas.
A “emancipação” de Marçal do bolsonarismo tem preocupado tanto o ex-presidente quanto aliados do PL. A avaliação é que Marçal, que se capitalizou a partir do eleitorado bolsonarista, seja uma grave ameaça não apenas à reeleição de Nunes, mas ao futuro do controle da direita no país.
https://twitter.com/BolsonaroSP/status/1826416885325316172