O Ibama aplicou uma multa de 44,2 milhões de reais a um frigorífico de jacarés no Pantanal, no Mato Grosso do Sul. Conforme consta no sistema do órgão, a fazenda Caimasul foi penalizada, no dia 8 de novembro, por exportar 44.253 peles salgadas do animal em desacordo com a licença concedida.
A espécie comercializada de forma irregular foi a Caiman Yacare, conhecida como jacaré do Pantanal. A empresa tem autorização do órgão para criação, engorda e abate do réptil em uma fazenda de 154 hectares, às margens da BR-262, a cerca de 30 quilômetros de Corumbá. Dentro do complexo está localizado o maior frigorífico de jacarés do mundo — e o primeiro do estado.
A Caimasul foi inaugurada em 2017 com a presença do então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, do então governador Reinaldo Azambuja, além de parlamentares, secretários de estado e outras autoridades. Segundo divulgado pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul na época, o empreendimento contou com incentivos fiscais do governo do estado e tinha previsão de produzir 350 toneladas de carne de jacaré por ano e 10 mil peles.
“O evento de hoje é um marco na história do Pantanal. Trata-se do uso sustentável dos recursos naturais que representam uma nova oportunidade econômica no Estado”, afirmou Maggi na ocasião. A empresa fornece carne de jacaré para restaurantes da região, além de vender passeios turísticos de mais de três horas para observação dos animais e visita ao local de manejo.
Outras multas
Não é a primeira vez que a Caimasul é multada pelo Ibama. Em 2023, recebeu uma autuação de 11.500 reais por “elaborar ou apresentar informação, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso, enganoso ou omisso, seja nos sistemas oficiais de controle, seja no licenciamento, na concessão florestal ou em qualquer outro procedimento administrativo ambiental”.
O frigorífico também foi multado quatro vezes entre maio e julho de 2022, totalizando mais de 300.000 reais. Segundo o Ibama, a empresa deixou de atender exigências legais ou regulamentares no prazo estabelecido. Duas das autuações foram baixadas por meio do programa de conversão de multas do instituto, mas as demais ainda não foram pagas.
A reportagem de VEJA entrou em contato com a Caimasul, mas ainda não obteve retorno.