Desembargador que pediu prisão de acusador de Moro se afasta do caso
Próximo ao ex-juiz e atual senador, Malucelli se afastou de todos os casos da Lava Jato citando riscos à ‘integridade física e moral’ de sua família
O desembargador federal Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), decidiu nesta quinta-feira, 20, se afastar de todos os processos relacionados à Operação Lava Jato, incluindo os que tratam do advogado Rodrigo Tacla Duran.
A decisão de Malucelli ocorre em razão de “foro íntimo” e por motivos familiares, conforme despachou o magistrado. O desembargador, que tem relações com o senador Sergio Moro (União-PR), tornou-se pivô de uma polêmica após revogar a decisão do juiz federal Eduardo Appio que havia derrubado os mandados de prisão contra Tacla Duran. Apontado como lavador de dinheiro da Odebrecht no exterior, o advogado acusa Moro e o ex-procurador da República Deltan Dallagnol, hoje deputado federal, de extorsão, em caso que tramita sigilosamente junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao decidir se afastar dos casos da Lava Jato, mesmo em meio a seu período de férias, que se iniciou nesta semana e vai até o dia 6 de maio, Marcelo Malucelli citou a “ocorrência de circunstâncias posteriores à data em que assumi os processos oriundos da presente operação (em trâmite junto ao Juízo Federal da 13ª Vara Federal de Curitiba/PR) e que se relacionam com a integridade física e moral de membros da minha família”.
A controvérsia em torno de sua atuação como desembargador no caso Tacla Duran se dá porque Malucelli é pai do advogado João Eduardo Malucelli, que é sócio de Sergio Moro e da mulher dele, a deputada Rosângela Moro (União-SP), no escritório Wolff & Moro Sociedade de Advogados, em Curitiba. Além de sócio, João Eduardo também é genro do casal, por ser namorado da advogada Júlia Wolff, filha mais velha de Moro e Rosângela. O filho do desembargador também trabalha como assessor comissionado no gabinete de um deputado estadual paranaense que é irmão de um dos suplentes de Moro.
Depois da decisão do pai, que restabelecia a prisão de Tacla Duran, João Eduardo Malucelli registrou ocorrência na polícia afirmando ter recebido uma ligação em tom de ameaça.