Justiça aceita denúncia contra quadrilha que pretendia sequestrar Moro
Os réus. ligados ao PCC, vão responder a ação penal no Paraná
A juíza Sandra Regina Soares, da 9° Vara Federal de Curitiba, aceitou a denúncia do Ministério Público e transformou em réus treze acusados de planejar o sequestro do senador Sergio Moro (União-PR) e do promotor de Justiça paulista Lincoln Gakiya, entre outras autoridades. O caso foi revelado em março passado, com a prisão do grupo.
Agora, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, apontado como líder da quadrilha, e os demais integrantes vão responder a ação penal por extorsão mediante sequestro em sua modalidade tentada e organização criminosa, cujos crimes podem render mais de trinta anos de cadeia. Além de aceitar a tese do Ministério Público Federal, a magistrada manteve a prisão preventiva de seis dos indiciados.
Na mesma decisão, a juíza aceitou o pedido de compartilhamento de provas e determinou o encaminhamento dos autos para a 3° Vara Federal de Rondônia e para o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco), do qual Gakiya faz parte. “As autoridades deverão preservar o sigilo quanto aos documentos e informações recebidos, vedada a utilização de eventual prova acobertada com sigilo constitucional (fiscal, bancário ou telefônico) para fins diversos dos autorizados por este juízo”, determinou Sandra Regina Soares.
A investigação sobre o plano de retaliação do PCC começou quando, em meados de 2022, o promotor Gakiya interceptou conversas suspeitas durante sua atuação rotineira no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) — ele investiga a facção há mais de vinte anos. Chamou sua atenção o fato de integrantes da quadrilha conversarem sobre uma campana em frente à residência do ex-ministro. Ele alertou o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Sarrubbo, e encaminhou o caso à PF do Paraná. A partir de então, Moro reforçou a sua escolta. A ideia dos criminosos era sequestrar o senador ou um familiar próximo e negociar a troca por um preso, em especial Marcola — que, aliás, foi condenado a 29 anos de cadeia por ter sido, mesmo atrás das grades, o mandante da morte do juiz-corregedor em 2003. “O plano estava pronto e a quadrilha só aguardava a autorização do Marcola para colocá-lo em execução, mas ele não deu o aval”, afirma Gakiya.