Teve início nesta terça-feira, 08, o julgamento do padre Pedro Leandro Ricardo, acusado de ter cometido abusos sexuais contra quatro menores de idade. O religioso, que está afastado desde 2019 pela Igreja Católica, responde pelos crimes de atentado violento ao pudor mediante violência grave ou ameaça. O julgamento deverá ter audiências até a quinta-feira, 10, e será conduzido na Vara Criminal de Araras, cidade do interior de São Paulo, mas não há um prazo para que o juiz emita uma sentença no caso.
As vítimas que denunciaram o padre Leandro deram entrevistas para uma reportagem de capa publicada por VEJA em julho de 2019. Os ataques ocorriam dentro da igreja, na casa paroquial ou em incursões religiosas, segundo a denúncia que o Ministério Público apresentou em dezembro de 2019. O religioso só se tornou réu em março do ano passado.
Em um dos relatos, Ednan Aparecido Vieira afirmou que tinha 17 anos e trabalhava como coroinha quando foi convidado por Leandro para dormir na casa paroquial. A desculpa: estar a postos no dia seguinte para ajudá-lo na missa do domingo de manhã. Embora soubesse que não haveria mais ninguém na residência, o menor não desconfiava que estava prestes a cair em uma arapuca. O religioso fez perguntas sobre a vida íntima do garoto e lhe ofereceu vinho. Em seguida, o padre forçou sexo oral no menino, mas ele conseguiu fugir do local.
O cerco ao padre iniciou-se há tempos, com a comunidade de Araras exigindo respeito e fazendo denúncias de ataques sequenciais. Em maio de 2019, o Vaticano recebeu um calhamaço com as denúncias e Leandro foi afastado das funções de padre e de reitor da Basílica de Santo Antônio de Pádua. Ele ficou impedido de celebrar missas até a conclusão da investigação, mas continuava recebendo cerca de 9 000 reais, entre salário e benefícios. O bispo Vilson Dias de Oliveira, da Diocese de Limeira e ex-chefe de Leandro, renunciou ao cargo quando o escândalo veio à tona. Ele foi acusado de ter sido negligente em relação às acusações feitas contra o religioso.