Afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba por ordem do Conselho do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o juiz federal Eduardo Appio recorreu ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que possa voltar ao cargo. O recurso está sendo apresentado pelos advogados Walfrido Warde, Pedro Serrano e Rafael Valim, no início da noite desta sexta, 26, ao corregedor do CNJ, Luis Felipe Salomão, ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Além do retorno de Appio à vara da Operação Lava-Jato, a defesa dele pede ao CNJ uma auditoria nos processos que tramitam junto a ela.
Então responsável pelos processos da Lava-Jato em Curitiba, berço da investigação, Appio foi afastado liminarmente do posto na última segunda-feira, 22, depois de a Polícia Federal apontá-lo como autor de uma ligação ao advogado João Eduardo Malucelli, na qual teria se passado por outra pessoa para buscar saber se João Eduardo é filho do desembargador federal Marcelo Malucelli, do TRF4.
O advogado, filho de Malucelli, é genro do ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e sócio dele em um escritório de advocacia em Curitiba. Eduardo Appio é um crítico de Moro e de Malucelli. Como mostrou VEJA, o juiz apresentou em abril ao próprio CNJ um ofício em que aponta “graves ilegalidades” na atuação do desembargador no caso do advogado Rodrigo Tacla Duran.
Marcelo Malucelli responde a um procedimento no CNJ que apura se ele descumpriu uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski ao determinar o restabelecimento da prisão preventiva de Tacla Duran, então revogada por Appio. O advogado, que vive na Espanha e acusa Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol de extorsão na Lava-Jato, prestaria depoimento a Eduardo Appio sobre suas alegações.