José Dirceu, em campanha por Lula, ainda corre o risco de voltar à cadeia
Enquanto o ex-presidente teve as sentenças anuladas, o histórico companheiro de partido ainda tem processos importantes em andamento no STJ
Diferentemente de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi condenado duas vezes por corrupção passiva e lavagem de dinheiro mas obteve a anulação das condenações no STF, um dos membros mais conhecidos do PT, e que anda participando de articulações políticas pelo país, ainda pode voltar à cadeia. Trata-se do ex-ministro da Casa Civil de Lula e ex-presidente do partido José Dirceu. Ele tem três condenações criminais e só está nas ruas por decisão do Supremo.
As andanças de Dirceu para fazer contatos com lideranças de outros partidos, em nome de Lula, têm incomodado o chefe, que segundo aliados, não pediu essa ajuda. Além disso, Dirceu é uma espécie de símbolo que o partido não gosta de lembrar. Ele foi condenado em 2012 por corrupção ativa no esquema do Mensalão, a compra de votos de parlamentares descoberta no primeiro mandato de Lula. Chegou a ser condenado também por formação de quadrilha, mas conseguiu reverter a decisão no STF. Em 2016, quando já estava preso em Curitiba, em decorrência da operação Lava Jato, recebeu perdão por essa pena, determinada pelo ministro do Supremo Luís Roberto Barroso.
A Lava Jato rendeu duas condenações ao petista. A primeira, em maio de 2016, ocorreu por decisão do ex-juiz Sergio Moro (agora pré-candidato do Podemos à Presidência), sob acusação de corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro decorrentes de ilícitos praticados na Diretoria de Serviços da Petrobrás. Em março do ano seguinte, houve a segunda condenação, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, também relacionados a desvios na estatal. Ao todo, suas penas superaram os 31 anos. Ao recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o petista terminou por ter suas penas aumentadas para 41 anos.
Dirceu ficou preso preventivamente em quatro ocasiões, no decorrer das investigações e após as prisões em primeira instância, até que o STF permitiu que ele aguardasse em liberdade todos os recursos, tendo em consideração que suas penas poderiam ser reduzidas em instâncias superiores. Seus processos na Lava Jato encontram-se no Superior Tribunal de Justiça. No mês passado, o órgão negou pedido do ex-ministro para suspender uma das ações penais.