O festival de música que ocorre em paralelo às reuniões do G20 no Rio de Janeiro tem sido alvo de críticas da oposição ao governo Lula. Devido ao empenho da primeira-dama Janja da Silva, que colabora com o Ministério da Cultura na organização do evento, os shows, que iniciaram na quinta, 14, e vão até sábado, 16, foram apelidados de “Janjapalooza”. O patrocínio de empresas estatais virou munição para parlamentares questionarem as prioridades dos gastos do governo.
Ao menos três deputados do PL pediram investigações no Tribunal de Contas da União (TCU): Ubiratan Sanderson (PL-RS), Gustavo Gayer (PL-GO), que também fez uma reclamação na ouvidoria de Itaipu, estatal onde Janja trabalhou entre 2005 e 2019, e Luiz Phillipe de Orléans e Bragança (PL-SP).
“O envolvimento direto da primeira-dama na organização do evento levanta dúvidas sobre a impessoalidade administrativa. O dinheiro de imposto deve ser usado com responsabilidade e transparência, priorizando áreas essenciais como saúde e educação”, escreveu Orleáns e Bragança na representação enviada ao TCU.
A Itaipu investiu 15 milhões de reais no patrocínio ao “Aliança Global Festival Contra a Fome e a Pobreza” e nos eventos paralelos de encerramento do G20. Críticos questionam se os sócios paraguaios não vão exigir uma contrapartida com um montante semelhante, já que a maioria das despesas de Itaipu são “espelhadas” nas duas margens. No entanto, como o Brasil consome mais energia e é responsável por 85% do orçamento, pagaria mais: cerca de 26 milhões de reais.
A VEJA, a estatal afirmou que “os recursos destinados aos patrocínios provêm exclusivamente da margem brasileira da Itaipu”, porém, “a margem paraguaia possui plena autonomia para definir suas prioridades e a alocação de seus recursos em iniciativas e projetos no Paraguai”. A Itaipu também garantiu que o patrocínio não afetaria a tarifa da conta de luz.
“O acordo firmado em abril de 2024, que regula a tarifa para o período de 2024 a 2026, assegura que os patrocínios e demais despesas da Itaipu Binacional não impactem o custo da energia elétrica para os consumidores brasileiros, garantindo a estabilidade tarifária sem reflexo dos investimentos sociais e culturais”, declarou a empresa que também afirmou: “os patrocínios apoiados pela Itaipu buscam promover o desenvolvimento socioeconômico e cultural, alinhando-se sempre ao Tratado de Itaipu e aos regulamentos internos”.
Além de Itaipu, a Petrobras é outra estatal que apoiou os eventos paralelos do G20 com 18,5 milhões de reais. Serpro, Banco do Brasil, BNDES e Caixa também constam entre os apoiadores do festival.