Filiação de Beto Richa já abre crise no PL do Paraná
Iminente chegada do ex-governador à legenda descontenta quem já pretendia disputar a prefeitura de Curitiba
A iminente filiação do deputado federal Beto Richa (PSDB) ao PL com o propósito de disputar a Prefeitura de Curitiba promete sacudir as estruturas da legenda no Paraná.
Nesta quinta-feira, 14, o ex-deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL), um dos principais nomes do partido no estado, disse que já colocou o seu nome à disposição do partido para a corrida ao Executivo municipal. “Quem acompanha o meu trabalho sabe que defendo os valores conservadores desde quando fazer isso não dava votos e nem likes. Continuo convicto do que faço (…). O partido que faça a sua escolha”, publicou nas redes sociais. O ex-parlamentar também é um dos postulantes à vaga de Sergio Moro (União Brasil-PR) caso ocorra a cassação do senador pela Justiça Eleitoral. Por ter ficado logo atrás de Moro nas últimas eleições, ele herdaria a vaga até que uma nova votação ocorresse.
Na última quarta, 13, Paulo Eduardo já havia anunciado a sua saída da presidência do diretório municipal do PL de Curitiba. A decisão veio horas depois da reunião de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, com Richa, em Brasília, que serviu para afinar os último detalhes da filiação do ex-governador do Paraná.
https://x.com/PauloMartins10/status/1768279745446183137?s=20
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A migração de Richa ao PL tem como principal objetivo a consolidação de uma candidatura conservadora e de direita em Curitiba, alavancada por Bolsonaro — que já começou a fazer as vezes de cabo eleitoral pelo país. A resistência dentro do partido começa a se mostrar, no entanto, porque Richa, além de ser um forasteiro na legenda, foi alvo da Lava-Jato, um fator importante na capital paranaense, que foi o epicentro da operação, que é majoritariamente apoiada pelo eleitorado de direita na cidade.
O ex-governador do Paraná foi preso duas vezes pela força-tarefa em investigações sobre corrupção. Em dezembro de 2023, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, declarou nulidade absoluta de todos os atos praticados contra Richa em processos da Lava-Jato e, por isso, trancou as persecuções penais instauradas contra ele no âmbito da operação.
Perda de mandato
Richa também terá outro entrave caso avancem as negociações pela troca de legenda. Pela legislação eleitoral, ele só pode migrar de sigla sem perder o mandato na Câmara se obtiver uma carta de anuência da direção do PSDB — sem ela, a sua vaga seria ocupada por um suplente. O problema é que o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, e o presidente da federação PSDB-Cidadania, Bruno Araújo, decidiram em encontro que tiveram em Recife na quarta-feira, 13, que nenhum deputado terá carta de anuência para deixar o partido ou a federação.
Adversários
A lista de “problemas” na consolidação de um nome do PL em Curitiba não para por aí. Além da oposição entre as eventuais candidaturas de Beto Richa e a de Paulo Eduardo Martins, o PL já tem, por ora, um pré-candidato ao posto: trata-se do deputado estadual Ricardo Arruda (PL). O parlamentar chegou a receber o apoio de Bolsonaro, em vídeos publicados nas redes sociais.
A direção nacional do PL — leia-se, Valdemar Costa Neto — considera que Richa seria um nome mais competitivo entre o eleitorado curitibano, cujos votos têm se pulverizado entre o petismo e em partidos de direita como o União e o PSD, do governador Ratinho Jr. O que acendeu o alerta foram os resultados das últimas pesquisas eleitorais. Sondagem de dezembro feita pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra o deputado federal e ex-prefeito de Curitiba Luciano Ducci (PSB) com 16,2%, seguido pelo deputado estadual Ney Leprevost (União Brasil), com 16%. Na sequência, figuram Beto Richa (PSDB), com 13,5%, e o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD).