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Em Jerusalém como em Taipei

Bastaria um WhatsApp ao Itamaraty para o presidente Bolsonaro descobrir como será o escritório brasileiro na cidade sagrada

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 2 abr 2019, 17h10 - Publicado em 2 abr 2019, 16h47

O presidente Jair Bolsonaro ainda não sabe, mas o Itamaraty deve replicar em Jerusalém a estrutura do seu escritório comercial em Taipei. Para não contrariar a China nem deixar de fazer negócios com Taiwan, o governo brasileiro lá instalou um escritório voltado para os negócios e assuntos consulares, porém sem lhe conferir status diplomático.

O drible é a única maneira de o governo brasileiro criar um entreposto em Jerusalém sem causar maiores atritos em curto prazo com a Palestina e os demais países árabes e muçulmanos nem esmorecer no primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a esperança de que este seja um primeiro passo para a transferência total da embaixada brasileira de Tel Aviv para a Terra Santa.

A poucas horas de embarcar de volta ao Brasil, ao final de três dias de visita oficial a Israel, o presidente não conseguiu ainda explicar a medida que anunciou com destaque logo depois de sua chegada em Jerusalém, no domingo 31, na residência de Netanyahu. Na segunda-feira, Bolsonaro afirmou que a instalação do escritório seria uma “questão simbólica” e completou não estar disposto a alimentar atrito com ninguém.

Nesta terça-feira, 2, esquivou-se de responder à imprensa brasileira se o escritório terá status diplomático. “Todo casamento começa com namoro e noivado”, desconversou, em uma indicação de que não abandonará sua promessa de campanha de transferir a embaixada, a exemplo do que fez o presidente americano, Donald Trump, em maio de 2018. Pelo menos, até que termine seu governo.

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Bolsonaro informou apenas que a ideia tinha sido sugerida pelo general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que o acompanha nesta viagem como uma sombra. O mesmo general afirmara, logo ao chegar em Israel, que o governo brasileiro “nem sequer pensou” em estender a visita presidencial aos territórios palestinos.

O certo é que essa medida não agradou a ninguém: nem a israelenses nem a palestinos. E foi acompanhada por um vazio estrondoso sobre o processo de paz entre os dois lados, um tema caro para o velho Itamaraty desintegrado da agenda externa de Bolsonaro e Araújo.

Observadores brasileiros acreditam que o presidente queira mover a embaixada brasileira aos poucos, de modo a evitar custos maiores no curto prazo e a não desagradar as alas ruralista e militar de seu governo. Quanto mais avance, mais agradará às alas opostas: olavista, ideológica e evangélica.

A falta de informação concreta sobre o escritório não foi pecado apenas do chefe de Estado. Nenhum de seus ministros – nem o chanceler Ernesto Araújo nem o general Heleno – conseguiu explicar que estrutura será essa. Bastaria um telefonema ao Itamaraty, onde soluções para saias-justas não faltam.

O escritório em Taipei funciona há anos como exemplo de solução adequada. A China não esconde sua convicção de que a estrutura funcione como uma embaixada brasileira “de facto”. Dificilmente, a Palestina e os demais países árabes e muçulmanos não verão a estrutura do Brasil em Jerusalém de forma diferente. Até porque, em princípio, as atribuições do setor comercial da embaixada em Tel Aviv deverão ser transferidas para o escritório em Jerusalém sob pena de duplicação de custos para o contribuinte brasileiro e de bateção de cabeças entre servidores públicos.

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Se não tiver pelo menos a aparência de uma “embaixada de facto”, o escritório de Jerusalém não passará de um endereço comercial com o mesmo grau de realismo de uma empresa de fachada. Essa hipótese certamente não agradará Israel, que já tem de engolir a seco a transferência ainda parcial da embaixada americana para o prédio – sem espaço devido – do antigo consulado em Jerusalém.

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