O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmentiu, nesta quarta-feira, 8, as fake news de que o Brasil teria recusado a ajuda do Uruguai para operações de socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Os temporais já deixaram 100 mortos e centenas de milhares de desabrigados e desalojados.
Notícias falsas começaram a circular nas redes sociais nesta semana com a informação de que o governo brasileiro havia rejeitado o empréstimo de um helicóptero pelo país vizinho. Em nota divulgada, o Planalto diz que a aeronave está em operação no estado e que tem sido “de grande valia” para o auxílio dos socorristas. “O Brasil é grato ao Uruguai pelo pronto auxílio”, diz o comunicado, acrescentando que todas as ofertas de ajuda são bem-vindas e serão analisadas conforme a adequação às urgências.
Além do helicóptero, o Uruguai também ofereceu um modelo específico de avião. Neste caso, diz o governo brasileiro, a avaliação técnica foi a de que a aeronave, em razão de suas características, não seria adequada para o tipo de operação exigida e a infraestrutura aeroportuária disponível. “Considerando ainda que já há no Rio Grande do Sul avião em operação da frota brasileira com a mesma funcionalidade do ofertado, a conclusão foi a de que não havia necessidade desse tipo de aeronave”, diz o governo.
Caminhões
Na terça-feira, 7, o governo já havia se manifestado contra a divulgação de outras notícias falsas, que afirmavam que veículos de carga com mantimentos e doações estavam sendo retidos nas vias de acesso ao Rio Grande do Sul. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) esclareceu que, neste período emergencial, os caminhões que passam nas balanças em rodovias que acessam o estado estão passando por um procedimento simplificado de fiscalização, sendo liberados para seguir viagem. Não há solicitação de nota fiscal e nem aplicação de multas sobre veículos que transportam donativos, diz o governo, que esclarece ainda que os vídeos que circulam na internet que afirmam que a ANTT reteve veículos de doação não condizem com a realidade dos fatos.
“A ANTT está empenhada na facilitação da movimentação de cargas, sobretudo gênero de primeiras necessidades, para abastecimento da população atingida pelas chuvas, além de mobilizar equipes da própria agência e dos entes regulados no auxílio à população atingida e no reestabelecimento da normalidade”, afirma a agência.
Fake news
A disseminação de notícias falsas em meio à situação de emergência do Rio Grande do Sul fez com que o governo Lula lançasse uma força-tarefa contra os autores de fake news.
Durante reunião emergencial da Sala de Situação do Planalto na última terça-feira, 7, o general Hertz Pires do Nascimento, comandante militar do Sul, apresentou um relato sobre o impacto da propagação de notícias falsas nas operações de salvamento no Estado.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Justiça vão adotar medidas em caráter de urgência para impedir a disseminação de mentiras que possam comprometer os resgates na região afetada por inundações.
Chefe da AGU, o ministro Jorge Messias informou que o órgão vai notificar plataformas digitais ainda para retirar os conteúdos. Também na terça, o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, enviou um ofício ao chefe do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, com uma série de posts “relevantes” com “narrativas desinformativas e criminosas vinculadas às enchentes e desastres ambientais ocorridos no Estado do Rio Grande do Sul”. Entre eles, há publicações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do senador Cleitinho (Republicanos-MG), do coach Pablo Marçal, do jornalista Thiago Asmar, entre outros influenciadores.