Covid: mesmo com mais restrições, estados não atingem mínimo de isolamento
Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul, entre outros, ficaram longe da taxa de 70% recomendada por infectologistas; índice médio no país foi de 32,7% na sexta
Mesmo em meio ao pior momento da pandemia no país, continua sendo um enorme desafio convencer a população sobre a necessidade urgente das políticas de isolamento social. Os estados que vêm adotando medidas mais restritivas não têm conseguido atingir o mínimo de isolamento social, 70%, recomendado por infectologistas para frear a expansão do novo coronavírus, segundo dados diários colhidos pela plataforma de monitoramento InLoco.
Apesar da adoção de medidas como o fechamento do comércio e a instituição de toques de recolher, a circulação de pessoas não tem diminuído de forma significativa. Na sexta-feira, 12, a taxa média de isolamento chegou a 32,7% no Brasil. Já no fim de semana, quando normalmente mais pessoas ficam em casa, esse índice foi de 39,1% no sábado, 13, e de 47,8% no domingo, 14.
No Ceará, por exemplo, as medidas restritivas de circulação ficaram mais rígidas no sábado (só podem funcionar a indústria e atividades essenciais, como supermercados e farmácias), mas o isolamento no estado foi de 46,02% nesse dia e 53,1% no domingo — pouco, mas mesmo assim o bastante para deixar o estado como o segundo que mais manteve pessoas em casa em todo o país (o primeiro foi o Acre). Na sexta-feira, o Ceará teve o maior isolamento do Brasil: 41,31%.
Às vésperas da intensificação de restrições de circulação e de funcionamento de atividades comerciais, São Paulo também registrou baixos índices de isolamento: 30,82% na sexta-feira, 36,83% no sábado e 46,08% no domingo. Com a crescente ocupação de leitos de UTI, o estado entra em fase emergencial nesta segunda-feira, 15 — o toque de recolher, que era das 23h às 5h, passará a ser imposto das 20h às 5h. Cultos religiosos e partidas de futebol também estão proibidos.
A Bahia é mais um estado que recorreu ao toque de recolher, das 20h às 5h, contudo não conseguiu aumentar significativamente o isolamento social: as taxas foram de 35,30% na sexta-feira, 41,51% no sábado e 49,7% no domingo.
O Rio Grande do Sul, que vive o seu momento mais crítico em toda a pandemia — está em bandeira preta –, suspendeu todas as atividades das 20h às 5h e fixou multas para quem desrespeitar os protocolos sanitários. Apesar dos decretos, o estado passou longe do mínimo de isolamento recomendado nos últimos dias: 50,37% no domingo, 40,96% no sábado e 32,47% na sexta-feira.
Roraima, que está próximo da ocupação total de leitos de UTI, adotou outra estratégia: a suspensão de transporte coletivo interestadual, com o veto à circulação de ônibus, micro-ônibus, vans e similares, táxis e transporte por aplicativo. O decreto foi prorrogado até esta segunda-feira, dia 15 de março. O estado registrou na sexta-feira 37,59% de isolamento, no sábado, 42,61%, e no domingo, 48,01%.
Medidas mais rígidas foram adotadas também no Distrito Federal, onde o governo estabeleceu toque de recolher das 22h às 5h. Durante esse horário podem funcionar apenas hospitais, clínicas médicas e veterinárias, farmácias, postos de gasolina e funerárias. O isolamento, no entanto, chegou a 35,77% na sexta-feira e a 39,74% no sábado. No domingo, aumentou para 48,68%. A capital nacional chegou a entrar em lockdown no final de fevereiro, por conta, da alta ocupação dos hospitais, mas depois de uma semana as medidas acabaram sendo flexibilizadas.