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Maquiavel

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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Candidatos baixam o tom, mas acusam extremismos em debate decisivo em SP

A três dias do primeiro turno, embate entre postulantes à prefeitura paulistana reduz a agressividade dos programas anteriores

Por Ramiro Brites Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laísa Dall'Agnol Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Isabella Alonso Panho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 out 2024, 21h42 - Publicado em 4 out 2024, 01h13
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  • O último debate entre postulantes a prefeito de São Paulo antes do primeiro turno das eleições teve o tom mais ameno em relação a outras disputas que chegaram, em duas oportunidades, a agressões físicas. Dessa vez, as trocas de farpas ficaram para os últimos blocos e ainda que com acusações e ofensas, não tiveram o mesmo nível de agressividade do restante da campanha. No programa organizado pela TV Globo, participaram Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), empatados tecnicamente na última pesquisa, além de Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB), quarta e quinto colocado.

    No primeiro bloco, os candidatos tentaram isolar Pablo Marçal. A exposição do ex-coach ficou para as duas últimas perguntas, quando pelas regras do debate, era o único que poderia ser questionado. Ao ter a oportunidade de falar, o influenciador deixou de lado os apelidos e provocações dos debates anteriores e se apegou à bandeira de ser o único “anti-sistema”, reiterando muitas vezes que não usa fundo partidário e não tem tempo de TV no horário eleitoral gratuito.

    Durante o debate, o candidato do PRTB criticou políticos tradicionais, os citando pelo nome. Em um confronto com Guilherme Boulos, o ex-coach falou de líderes do PL e do PT, os dois partidos com as maiores bancadas no Congresso Nacional. Para não arriscar a popularidade entre os bolsonaristas, Marçal usou Valdemar Costa Neto como alvo para atacar o Partido Liberal e colá-lo ao prefeito Ricardo Nunes. Por outro lado, quis se beneficiar do antipetismo, citando Lula e o associando ao psolista.

    “Você [Guilherme Boulos] é o candidato mais rico aqui. É um socialista de iPhone e recebeu 30 milhões de reais do Lula”, disse Marçal. “Valdemar Costa Neto é o maior doador da campanha do Ricardo Nunes, aquele do mensalão”, acrescentou.

    No começo do debate, as falas mais incisivas ficaram por conta da deputada Tabata Amaral, que foi contundente nas críticas ao prefeito e chegou a chamá-lo de “pequeno”. Ela também afirmou que o gesso que Marçal usa no braço direito, depois da cadeirada, é “cenográfico”. A parlamentar tem apostado em um tom mais enfático nos últimos debates e no discurso de ser a única a debater propostas.

    Nunes foi o principal alvo

    Como é de se esperar, o incumbente foi o principal alvo dos adversários. Boulos e Tabata chegaram a fazer uma tabelinha para criticar a saúde pública na gestão do emedebista. A deputada do PSB disse que “Nunes recebeu uma cracolândia e entregou 72 cracolândias”. Em outra oportunidade, a dobradinha de Boulos foi com Datena para criticar a concessão de cemitérios públicos na administração municipal.

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    Ricardo Nunes usou boa parte do tempo para se defender. Ele anotou as acusações para respondê-las e chegou a dizer que a sua caneta “ficou sem tinta”, diante da lista de ataques. Até nas declarações finais, o prefeito rebateu Marçal, que lembrou de um boletim de ocorrência registrado pela primeira-dama Regina Carnovale.

    Ele também quis enaltecer a gestão econômica de seu mandato. Citou mais de uma vez o termo “economia liberal” e afirmou que a sua administração reduziu taxas na cidade, citando como um dos exemplos a redução de impostos para streamings.

    Boulos, Lula e o exame toxicológico

    A estratégia de Guilherme Boulos foi direcionada em três parcelas do eleitorado: os indecisos, os petistas e os eleitores de baixa renda. Para isso, Boulos afastou denúncias, buscou uma imagem moderada e se aproximou de Lula e Marta Suplicy.

    Em um dos momentos mais marcantes do debate, Boulos mostrou um exame toxicológico para rebater acusações de Marçal sobre suposto uso de drogas pelo psolista. Ele disse que o laudo médico foi mostrado porque acreditava que as ilações do ex-coach poderiam ter “potencial de dano eleitoral real”, o que o fez tomar a atitude para “acabar, de uma vez por todas, com essa farsa”.

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    Guilherme Boulos mostrou exame toxicológico durante debate – (TV Globo/Reprodução)

    Reiteradamente, o psolista mencionou a ex-prefeita, tentando rememorar a periferia de políticas de mobilidade e educação da gestão de Marta. Boulos também lembrou de Lula e fez questão de citar uma live com o presidente, transmitida nas redes sociais do candidato, pouco antes do debate. “Eu falei com ele hoje”, destacou o deputado.

    Acusações de extremismo

    No terceiro bloco, Pablo Marçal ensaiou um embate junto aos adversários ao perguntar a José Luiz Datena sobre “extremismos”. Datena afirmou não concordar com “nem um nem outro” extremo, e criticou a “extrema-esquerda” da China comunista, que “matou milhões de fome”, e a “extrema-direita” fascista de Adolf Hitler que exterminou milhões de judeus. Na tentativa de aumentar a temperatura do debate, Marçal respondeu querer combater o “comunismo” defendido por Guilherme Boulos.

    O candidato do PSOL comparou o influenciador, quando adotou um discurso mais ameno, a “um lobo em pele de cordeiro”. Disse ainda que ser acusado por Marçal de extremismo era como ouvir uma acusação de Suzane von Richthofen sobre assassinato.

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    Avaliação dos candidatos

    José Luiz Datena (PSDB) – Na coletiva após o debate, Datena fez um “mea culpa” e admitiu que sua campanha não teve o êxito esperado. “Meu desempenho não foi dos melhores, eu reconheço”, disse o apresentador. Ele disse que o PSDB é um partido “ferido” e prometeu não apoiar ninguém no segundo turno.

    Guilherme Boulos (PSOL) –  Questionado sobre a estratégia por trás da exibição do exame toxicológico no final do debate, em resposta à acusação falaciosa de Marçal de que seria usuário de drogas, Boulos respondeu que “quem rebaixa o debate é quem trabalha com mentira”. O ex-coach usou por semanas um processo criminal de um homônimo do deputado.

    Tabata Amaral (PSB) – Tabata criticou o apelo pelo “voto útil” encabeçado por apoiadores de Boulos e classificou-o como “um grande desrespeito”. 

    Ricardo Nunes (MDB) – O prefeito admitiu que foi “erro” de sua campanha não ter falado em voto útil antes. E disse que seria o único a vencer tanto Boulos quanto Marçal em um eventual segundo turno.

    Pablo Marçal (PRTB) – O ex-coach voltou a criticar o “excesso de debates” em São Paulo, descredibilizou institutos de pesquisa que apontam a sua alta rejeição. “Esses institutos vão pagar multas milionárias. Vamos acabar com isso”, disse o candidato.

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