O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o isolamento social contra o novo coronavírus adotado por estados e municípios e a ameaçar tomar medidas para colocar fim às restrições durante discurso nesta sexta-feira, 7, em Porto Velho (RO), na inauguração de uma ponte sobre o Rio Madeira que dará acesso ao Acre.
Ele voltou a citar a possibilidade de baixar um decreto para revogar as medidas restritivas contra a transmissão da Covid-19 e citou as Forças Armadas como um instrumento para garantir que sua decisão seja acatada.
“Eu posso fazer semelhante ao que muitos já fizeram. Mas o meu Exército jamais irá às ruas para mantê-los dentro de casa. O meu Exército, a minha Marinha e a minha Aeronáutica jogam dentro das quatro linhas da Constituição”, discursou. “O que vocês querem é muito pouco, querem respeito, querem ordem e querem justiça. E o meu dever, como chefe supremo das Forças Armadas, como chefe da execução, é dar, é garantir esse direito a vocês”, afirmou.
Bolsonaro voltou a defender a tese de que as medidas de restrição ferem prerrogativas individuais e disse que o direito de ir e vir, a liberdade de crença e o trabalho são sagrados e incentivou as pessoas a não cumprirem o isolamento social. “Não se justifica daqui para frente, depois de tudo o que nós passamos, fechar agora qualquer ponto do nosso Brasil”, disse.
“O que vocês querem é muito pouco, querem respeito, querem ordem e querem justiça. E o meu dever, como chefe supremo das Forças Armadas, como chefe da execução, é dar, é garantir esse direito a vocês”
O presidente também falou, referindo-se aos militares presentes à cerimônia, que “se cada um de nós, militares aqui presentes, juramos dar a vida pela nossa pátria (…), farão tudo, até (dar) a própria vida, para garantir a sua liberdade”. “Todos nós preferimos morrer lutando do que perecer em casa”, completou.
Sobre o decreto para impedir a adoção de medidas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos, Bolsonaro afirmou que o documento “já está pronto” e que “todos cumprirão” “Por que todos cumprirão? Porque esse decreto nada mais é que do que cópia dos escritos do artigo 5º da Constituição”, afirmou.
O trecho da Constituição citado pelo presidente fala dos direitos individuais e coletivos garantidos aos cidadãos, como o direito de expressão, de ir e vir e de liberdade religiosa, entre outros.