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Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Victoria Bechara, Bruno Caniato, Valmar Hupsel Filho, Isabella Alonso Panho e Ramiro Brites. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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As relações de Bannon, preso hoje nos EUA, com a família Bolsonaro

Ex-estrategista de Donald Trump já classificou Bolsonaro como 'brilhante' e discutiu com Ernesto Araújo o discurso do presidente na ONU em 2019

Por Redação
Atualizado em 20 ago 2020, 14h46 - Publicado em 20 ago 2020, 11h37

Preso e indiciado nesta quinta-feira, 20, sob suspeita de fraude, o estrategista político Steve Bannon, ex-assessor do presidente americano, Donald Trump, tem ligações próximas com a família do presidente Jair Bolsonaro.

Bannon foi figura importante na eleição de Trump, em 2016, e presidiu por anos o portal de notícias Breitbart, de extrema direita. Demitido em agosto de 2017 da Casa Branca, onde ocupava o cargo similar ao do ministro da Casa Civil, ele se tornou um dos elos do governo de Bolsonaro com os setores ultraconservadores americanos, motivado por sua conexão com o escritor Olavo de Carvalho, e conduz o projeto de criar uma espécie de “universidade do populismo”, o Dignitatis Humanae Institute (DHI).

Steve Bannon esteve pela primeira vez com Eduardo Bolsonaro, filho Zero Três do presidente, em agosto de 2018, antes da campanha que terminou com a vitória de Bolsonaro. Na ocasião, Eduardo disse que o ex-estrategista de Trump “se colocou à disposição para ajudar”. “Isso, obviamente, não inclui nada de financeiro. A gente deixou isso bem claro, tanto eu quanto ele. O suporte é dica de internet, de repente uma análise, interpretar dados, essas coisas”, declarou o deputado federal, que publicou uma foto ao lado de Bannon no Twitter.

Em entrevista à BBC Brasil a dois dias do segundo turno de 2018, o americano disse não ter ligações oficiais com a campanha bolsonarista. Ele classificou o presidente como “brilhante”, “sofisticado” e declarou que ele é “muito parecido” com Donald Trump. No mês seguinte, Eduardo Bolsonaro foi ao aniversário de Bannon, e publicou uma foto ao lado dele nas redes sociais. “Ícone no combate ao marxismo cultural”, escreveu Eduardo. 

Em março de 2019, já com o capitão no Palácio do Planalto, Bannon se sentou entre Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, em um jantar na casa do então embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral. O encontro abriu a agenda oficial de uma viagem de três dias de Bolsonaro aos Estados Unidos, na qual ele se encontrou pela primeira vez com Donald Trump.

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Olavo de Carvalho também estava entre os convidados, assim como os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Sergio Moro (então titular da Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Tereza Cristina (Agricultura).

Já fora da Casa Branca, em 2019, Bannon foi ouvido pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, a respeito do discurso que Jair Bolsonaro faria na sessão de abertura dos trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 27 setembro. Segundo publicou o jornal O Estado de S. Paulo, o encontro ocorreu na embaixada do Brasil em Washington, duas semanas antes da assembleia.

No discurso de mais de 30 minutos na ONU, o presidente reafirmou sua oposição a iniciativas internacionais que se oponham à soberania brasileira na Amazônia, rechaçou “tentativas de instrumentalizar a questão ambiental e políticas indigenistas” em prol de interesses externos e disparou contra o “socialismo”. Bolsonaro ainda criticou a imprensa internacional pela publicação do que classificou como informações “sensacionalistas” sobre os incêndios na floresta e disse que é “falácia” afirmar que Amazônia é patrimônio da humanidade.

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Com a comitiva do presidente brasileiro em território americano para a assembleia geral, Eduardo Bolsonaro voltou a se encontrar com Steve Bannon, em Nova York, em 24 de setembro do ano passado. Em uma publicação nas redes sociais, ele disse que o assunto da conversa com o estrategista foi “como a Amazônia é usada pelo establishment internacional (globalistas) para atacar o Brasil e o presidente Bolsonaro”.

Bannon foi um dos entrevistados no livro Fire and Fury: Inside the Trump White House (Fogo e Fúria: Por dentro da Casa Branca de Trump), do jornalista Michael Wolff. Entre as declarações a Wolff, ele afirmou que a reunião entre Trump e uma informante russa na campanha presidencial de 2016 foi “traidora” e “antipatriótica”.

Bannon, e mais três pessoas foram indiciadas por fraude e presas pelas autoridades de Nova York nesta quinta-feira, 20. Segundo a acusação, Bannon desviou dinheiro de um fundo criado por Brian Kolfage, também preso, para investir em um muro na fronteira com o México.

A procuradora interina do distrito sul de Nova York, Audrey Strauss, disse que Bannon e outros três acusados “cometeram uma fraude de centenas de milhares de dólares, capitalizando seu interesse de financiar um muro na fronteira para arrecadar milhões, sob o falso pretexto de que todo o dinheiro seria gasto na construção” quando na verdade parte da quantia “foi destinada a financiar o luxuoso estilo de vida” de Brian Kolfage, fundador da campanha, para construir o muro.

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