Dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontaram que na Amazônia, durante o mês de outubro, foi registrada a maior área com alertas de desmatamento da série histórica para o mês.
A área com alertas de desmatamento atingiu 903,86 quilômetros quadrados entre os dias 1 e 31 de outubro, o equivalente a quase 124 mil campos de futebol. A marca torna o último mês o pior outubro desde o início dos registros, em 2015, superando o recorde de 2021 (877 km²).
O desmatamento se concentrou no estado do Pará (48,12%), seguido de Mato Grosso (16,61%), Amazonas (15,76%) e Rondônia (7,59%).
As informações do Inpe também mostram que, no período de janeiro a outubro, 2022 é o pior ano da série histórica em termos de destruição da Amazônia. Nos dez primeiros meses deste ano, foi desmatada ao todo uma área de 9.494 km². O recorde, até então, era de 2019, com 8.425 km² desmatados, seguido de 2020 (7.892 km²) e 2021 (7.882 km²).
Até o início do governo Jair Bolsonaro, que assumiu em 2019, o maior número registrado pelo Inpe havia sido em 2016, quando o desmatamento no bioma acumulou uma área de 5.648 km² de janeiro a outubro.
A revelação dos dados ocorre ao mesmo tempo em que a equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, cobra Bolsonaro pelo atraso em liberar outros dados de desmatamento, segundo revelado pelo vice Geraldo Alckmin, que coordena a transição. Dados compilados pelo Inpe e consolidados pelo sistema Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia por Satélite) já foram recebidos pelo governo, que, no entanto, não pretende divulgá-los durante a participação do Brasil na COP27, a Conferência do Clima da ONU, que vai até esta sexta-feira, 18.
É importante diferenciar que os dados do Prodes, cobrados pela equipe de Lula, são diferentes do Deter, divulgados recentemente. O Deter é um sistema de alerta diário de evidências de alteração da cobertura florestal na Amazônia, que foi criado pelo Inpe para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento. Já o Prodes gera taxas anuais de desmatamento, apoiando políticas públicas de longo prazo para conter a destruição ambiental. Ambos utilizam imagens de satélite com diferentes resoluções e prazos de processamento e, por isso, costumam apresentar dados diferentes — o Prodes apresenta uma taxa maior de desmatamento, na média, porque é abastecido por satélites que oferecem imagens com uma maior resolução.