Não param de surgir números comprovando o “acerto” da política bélica do governo Bolsonaro. Um levantamento do Instituto Igarapé, divulgado nesta sexta-feira, 22, demonstrou que o aumento de registro de armas de fogo por pessoas físicas na Amazônia Legal é mais intenso do que no resto do país ao longo dos últimos três anos. Entre 2018 a 2021, o crescimento foi de 130,4% no Brasil e de 219% na região composta pelos estados de Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão.
Segundo os dados publicados no boletim “Amazônia no Alvo”, eram 57.737 armas registradas em 2018 na Amazônia Legal. Esse número saltou para 184.181 em 2021. A região ocupa pouco mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, correspondentes a quase 60% do território brasileiro.
O crescimento é ainda mais expressivo nos estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. Em conjunto, eles formam a 12ª Região Militar do Exército brasileiro. Lá, o aumento de registros superou os 450% no período entre dezembro de 2018 e novembro de 2021. Essa região engloba o Vale do Javari, onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips foram assassinados em junho por homens acusados de envolvimento com a pesca ilegal na floresta.
“A constatação é um alerta importante. É fundamental que os órgãos de segurança pública da Amazônia Legal avancem em suas capacidades de rastreamento sistemático das armas apreendidas usadas em crimes para identificar sua origem”, analisou Melina Risso, diretora de pesquisas do Instituto Igarapé.
O Instituto Igarapé é uma ONG brasileira com atuação voltada para as áreas de segurança pública, climática e digital e suas consequências para a democracia, com parcerias e projetos em mais de 20 países.