Mesmo após o melancólico fim da CPI do MST, a preocupação da bancada ruralista com invasões de terra continua grande. O tema foi pauta de uma reunião da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) na última terça-feira, 24, em Brasília.
Além dos esforços para a derrubada do veto de Luiz Inácio Lula da Silva ao marco temporal, aprovado pelo Congresso, o grupo discutiu o aumento de invasões de propriedades por todo o país.
“As invasões do MST nos preocupa a todos. Começou uma escalada na região Sul e na Bahia. No Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, está tendo muito. Em Santa Catarina, o pessoal está matando gado, voltando ao que fizeram no passado, aqueles horrores”, diz a senadora Tereza Cristina (PP-MS) a VEJA. “É o descumprimento da lei. O Estado não querendo colocar polícia, fazendo vista grossa, compactuando com esse processo que, na verdade, é um retrocesso”, diz a ex-ministra da Agricultura.
Invasão zero
Com a presença de Jair Bolsonaro, a sede da Frente Parlamentar da Agropecuária recebeu na terça-feira, 24, o evento inaugural de outro grupo de atuação no Congresso: a Frente Parlamentar Invasão Zero, que tem como objetivo a defesa do direito da propriedade.
Presidida pelo deputado Luciano Zucco (Republicanos-RS), a bancada é uma espécie de desdobramento da CPI que apurou as invasões de terra do MST e conta com ex-membros do colegiado, entre eles o próprio Zucco, que era presidente da comissão, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP), que era o relator. Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foram nomeados “padrinhos” da nova frente.
“Em quatro meses da gestão do governo Lula, tivemos mais invasões do que nos quatro anos do governo Bolsonaro (…). Precisamos de paz no campo, de segurança jurídica”, declarou Zucco no evento.
Referindo-se aos parlamentares de diferentes partidos de oposição que participaram da solenidade, Bolsonaro defendeu que a existência de “adversários” é normal na política, mas classificou as invasões de terra como feitos de “inimigos políticos”. “Existe um inimigo político também. Aquele que não respeita a propriedade privada é um inimigo político nosso”, afirmou.