A defesa malfeita de Gleisi sobre ida de ‘dama do tráfico’ à pasta de Dino
Presidente do PT partiu para o ataque contra aliados de Bolsonaro ao tentar amenizar o impacto negativo da visita de esposa de líder de facção ao ministério

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, lançou mão de uma estratégia um tanto quanto questionável para defender o seu aliado Flávio Dino, que se viu em uma saia-justa depois que foi divulgado que a esposa de um líder de facção criminosa havia sido recebida no Ministério da Justiça.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Luciane Barbosa de Farias, conhecida como a “dama do tráfico amazonense”, por ser casada com o traficante conhecido como Tio Patinhas, líder do Comando Vermelho em Manaus, se reuniu no ministério com Rafael Velasco, secretário nacional de políticas penais, Paula Cristina da Silva Godoy, ouvidora nacional de serviços penais, e Sandro Abel de Sousa Barradas, diretor de inteligência penitenciária.
Como estratégia contra as críticas recebidas, Gleisi partiu para o ataque. “Ora, ora! O vice de Bolsonaro chegou a receber no gabinete em agenda extraoficial um suspeito de tráfico. O filho do inelegível chegou a empregar a mãe e a mulher do chefão da milícia do Rio. E ainda homenageou o miliciano que chefiava o Escritório do Crime. E agora o bolsonarismo vem atacar Flavio Dino, que sequer recebeu a tal pessoa? E o Ministério da Justiça não pode receber organização de familiares de presos? Pra falar de Flávio Dino, no mínimo, tem que ter moral!”, postou em suas redes sociais.
A primeira referência da petista é ao hoje senador Hamilton Mourão, que em 2019 recebeu no gabinete da Vice-Presidência da República, fora da agenda, o empresário Milton Constantino da Silva, preso pela Polícia Federal em 2020, na Operação Enterprise por tráfico internacional de drogas, associação criminosa para o tráfico e organização criminosa, segundo reportagem da Agência Sportlight.
Já a segunda referência de Gleisi é ao também senador Flávio Bolsonaro, que, quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, empregou em seu gabinete dois parentes do ex-PM Adriano da Nóbrega, apontado como chefe de milícia em Rio das Pedras: a mãe dele, Raimunda Vera Magalhães, e a mulher, Danielle Nóbrega. O filho Zero Um do ex-presidente também concedeu honraria na Alerj ao miliciano,
Mas não é uma grande defesa por parte da líder petista tentar aliviar a pressão sobre o aliado político acusando adversários de terem feito coisa pior. O próprio Dino já havia se defendido antes dizendo que não recebeu ninguém em seu gabinete (veja post abaixo).
Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que NÃO SE REALIZOU em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu…
— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) November 13, 2023