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Maílson da Nóbrega

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Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Selic deve cair hoje para 4,5% e pode ficar nisso em 2020

Reação da atividade econômica, câmbio mais depreciado e incertezas quanto aos efeitos da Selic mais baixa nos preços recomendam cautela ao Copom

Por Maílson da Nóbrega 11 dez 2019, 10h29
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  • Somente uma grande surpresa levará o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) a contrariar as expectativas do mercado financeiro e das consultorias sobre sua decisão de hoje a respeito da política monetária. É quase unânime a projeção de queda da taxa Selic, dos atuais 5% para 4,5%.

    Existem apostas de continuidade da flexibilização da política monetária em 2020, estimando-se Selic de 4,25% ou mesmo 4%. Tais previsões consideram inflação abaixo da meta no próximo exercício, em torno de 3,6%, comparativamente à meta de 4% para a inflação. Adicionalmente, se leva em conta um elevado hiato do produto, isto é, a diferença entre o potencial do PIB e seu resultado efetivo, o que dificultaria o repasse de custos aos preços por parte das empresas.

    Embora existam razões para esse prognóstico mais otimista, há outros fatores de risco para a inflação, que justificariam uma postura mais cautelosa dos membros do Copom.

    Em primeiro lugar, os sinais de reação da atividade econômica a uma taxa Selic estimulativa são cada vez mais claros, indicando pressões inflacionários maiores para o ano que vem. Tudo indica que a recuperação da economia engrenou de vez, o que tem levado a revisões para cima das projeções de crescimento do PIB para 2020. Essa é uma situação oposta do que ocorreu desde 2011, quando as estimativas foram sistematicamente revistas para baixo.

    Outro fator de pressão inflacionária tem sido a taxa de câmbio, que se depreciou nas últimas semanas por força essencialmente de maiores saídas de capital para o exterior.

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    Isso decorreu da perda de atratividade para investimentos estrangeiros no mercado brasileiro de renda fixa, por causa (1) de menores taxas de juros; (2) da redução do superávit comercial causada pela desaceleração da economia mundial, da crise na Argentina e da queda de preços de commodities exportadas pelo Brasil; e (3) da frustração com o resultado do leilão da cessão onerosa do pré-sal (esperava-se forte ingresso de divisas por parte de participantes estrangeiros, o que não ocorreu). Tudo isso pressionou para cima a taxa de câmbio.

    Por último, como alertou o Banco Central na ata da última reunião do Copom, estamos trilhando um caminho desconhecido, qual seja o de taxas de juros ineditamente baixas.

    Como se sabe, modelos de projeção de indicadores macroeconômicos se baseiam em dados históricos. Como não há precedente de uma Selic nos níveis recentes, forma-se uma incerteza sobre os impactos, nos preços, da transmissão da política monetária. Isso recomenda cautela no manejo da política monetária e, assim, da taxa Selic.

    Seja como for, essa é a grande notícia na economia brasileira neste fim de ano. Embora taxas Selic mais baixas possam gerar incertezas para a política monetária, ao mesmo tempo podem acarretar atividade econômica superior ao estimado pelos analistas.

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