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Maílson da Nóbrega Por Coluna Blog do economista Maílson da Nóbrega: política, economia e história
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Para entender a rejeição popular à reforma da Previdência

Vários fatores explicam por que a resistência a reforma estrutural desse tipo é maior aqui do que em outros países

Por Maílson da Nóbrega Atualizado em 9 Maio 2017, 12h17 - Publicado em 8 Maio 2017, 11h30
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  • A reforma da Previdência começou a andar com a aprovação do relatório da respectiva comissão na Câmara, mas a resistência vai continuar. Mudanças que mexem no bolso das pessoas ou alteram para pior suas expectativas são sempre impopulares. O argumento de que sem elas a vida vai piorar dificilmente conquista apoio. Por isso, reformas desse tipo precisam ser comandadas por líderes com grande estatura moral e elevado poder de convencimento.

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    A resistência varia de país a país, mas no Brasil vários fatores explicam por que a rejeição é maior. Vejamos uma lista deles:

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    1)    O governo teve dificuldade em explicar a reforma de maneira didática;

    2)    O presidente Temer comenda um governo de transição e não tem liderança do tipo convincente, que conquista mentes em favor de mudanças complexas;

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    3)    A crise econômica, o desemprego e o escândalo de corrupção desvendado pela Operação Lava-Jato predispõem as pessoas contra o governo;

    4)    O cidadão comum não aceita que um governo com muitos de seus membros envolvidos no escândalo tenha autoridade para exigir sacrifícios da população;

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    5)    Durante muitos anos, diferentes governos afirmaram que a Previdência é um grande programa social e fonte de redistribuição de renda;

    6)    Na verdade, a Previdência é um seguro-velhice vinculado a contribuições e regras que o tornem sustentável, mas a ideia equivocada pegou. Como convencer agora o distinto público que o governo não está tirando direitos?

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    7)    A grande maioria comprou a ideia errada de que não há déficit na Previdência;

    8)    Fiscais da Receita Federal vinculados ao seu sindicato sustentaram que não havia déficit. Bastaria cobrar os quase R$ 500 bilhões da dívida ativa, tarefa a cargo de procuradores da Fazenda.  Se os próprios técnicos do governo dizem isso, muitos imaginam, alguém está faltando com a verdade;

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    9)    Quem estuda o assunto a sério sabe que não é bem assim. Os maiores devedores são empresas que nem mais existem, como a Varig, mas o argumento foi bem-sucedido;

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    10) Disso se aproveitaram demagogos e analistas de má fé para sustentar a inexistência do déficit. O argumento disseminou-se redes sociais, aumentando a rejeição.

    A reforma da previdência pode ser aprovada, mas na base do toma-lá-dá-cá e dos votos de parlamentares conscientes, e não do apoio da maioria da população. Daqui a alguns anos, se ela passar, será maior a percepção de que era mesmo necessária. Agora, há razões para a maioria da sociedade rejeitá-la, ainda que insubsistentes.

    Mesmo que aprovada, a reforma não será suficiente para resolver o nosso grave problema fiscal. Outra reforma será necessária mais à frente. Talvez, então, encontremos uma sociedade e políticos mais esclarecidos.

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