Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Letra de Médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil
Continua após publicidade

Setembro Amarelo: prevenir é promover a saúde mental

Acesso para tratamento de doenças psiquiátricas ainda é desigual, principalmente para crianças e adolescentes; estigma é barreira para o cuidado

Por Carlos Gustavo Zanotto Costardi*
1 set 2023, 09h00

O suicídio é a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo. Estima-se que mais de 700 mil pessoas tirem a própria vida a cada ano e que 77% desses casos aconteçam em países de baixa e média renda. Esses dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que traz outras informações relevantes, como o fato de que, para cada suicídio, existem muitas outras tentativas. Há ainda o impacto psicossocial nas pessoas próximas a quem se suicidou.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2016 e 2021, houve aumento de 45% nas taxas de mortalidade por suicídio em adolescentes de 10 a 14 anos, e de 49,3% entre 15 a 19 anos. Podemos entender o suicídio como o desfecho de uma equação com diversos fatores e
algumas incógnitas. Enquanto buscamos respostas, no entanto, tendemos a ignorar o que está bem estabelecido.

Uma tentativa de suicídio prévia é o principal fator de risco para o suicídio na população em geral. A maioria dos hospitais tem protocolos rigorosos para manejo de diversas situações de emergência médica, porém indivíduos que tentam suicídio frequentemente não recebem a atenção e o encaminhamento adequados. Alguns sequer buscam atendimento, com receio de como serão tratados ou devido a experiências negativas.

Outro importante fator de risco é a presença de transtornos mentais. O acesso ao tratamento em saúde mental, no entanto, é desigual. Essa lacuna é ainda mais expressiva entre crianças e adolescentes, justamente a faixa etária em que a maioria das doenças psiquiátricas tem início. Ou seja, quando disponível, em geral, a intervenção é tardia, momento em que enfrentamos mais complicações. Além disso, mais uma vez, o estigma é visto como barreira para o cuidado.

Ainda, dentro dessa complexa equação, há aspectos psicológicos, sociais e culturais. Situações traumáticas na infância, negligência, violência e abuso são fatores de risco tanto para o desenvolvimento de transtornos mentais, quanto para o suicídio. Sofrer discriminação, das mais diversas formas, também aumenta o risco de comportamento suicida. O uso de álcool e outras drogas tem associação com alterações no desenvolvimento cerebral, impulsividade e suicídio. Para os jovens, com maior ênfase, questões envolvendo autoestima, bullying, relacionamentos interpessoais e mídias sociais têm impacto considerável na saúde mental.

Continua após a publicidade

Evidentemente, campanhas de prevenção são essenciais para informar, conscientizar e ajudar a quebrar preconceitos, contribuindo para o maior acesso aos recursos terapêuticos. Entretanto, a prevenção ao suicídio demanda o engajamento e comprometimento dos diversos setores da sociedade, envolvendo ações integradas que possam efetivamente se traduzir em promoção de saúde mental.

Considerando a maior eficácia de estratégias de prevenção quando a abordagem é precoce, torna-se essencial o olhar sobre os jovens e os ambientes em que eles estão inseridos, como as escolas. Estabelecer uma nova cultura sobre saúde mental no ambiente escolar é importante para que possamos promovê-la desde cedo. Acreditamos na capacidade de toda a sociedade se transformar quando aprendemos a cuidar da nossa mente e a respeitar as nossas mentes. Caso precise de ajuda, clique aqui.

*Carlos Gustavo Zanotto Costardi é psiquiatra pela Escola Paulista de Medicina e consultor do Instituto Ame Sua Mente

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.