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Letra de Médico

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Saiba como a oleosidade pode ser benéfica para a pele

Apesar de ser considerada uma vilã da pele, a oleosidade traz benefícios para a saúde

Por Adilson Costa
Atualizado em 2 abr 2018, 14h45 - Publicado em 2 abr 2018, 12h00

Paciente: -“Minha pele está muito oleosa!”

Dermatologista: -“Mas isso não é ruim…”

Desespero para qualquer pessoa, o ato de olhar no espelho e ver sua pele brilhando no verão é simplesmente abominável! De fato, para aquelas pessoas que lidam com o público, principalmente, a oleosidade excessiva da pele pode ocasionar desconforto social e, inclusive, embaraços profissionais. Porém, por incrível que pareça, há uma imensidão de trabalhos científicos publicados a respeito de óleo (sebum) da pele.

A oleosidade excessiva da pele, conhecida como pele seborreica, hipersecreção sebácea, ou, vulgarmente, “seborreia”, é um vilão nos portadores de acne. Nessas pessoas, juntamente com a proliferação excessiva de uma bactéria específica – Propionibacterium acnes –, a formação da rolha de ceratina no ducto de excreção do sebo pela glândula sebácea (o popularmente conhecido “cravo”) e a inflamação dérmica ao redor da glândula sebácea, a oleosidade excessiva contribui para o surgimento da acne.

Embora, aparentemente, nojento para a imensa maioria das pessoas, o sebum causa interesse científico, justamente por seu papel (pasmem!) também benéfico à pele. E nas pessoas de pele normal? Então, esse é o meu desafio nesse artigo, mostrar que o sebum não é de todo mau…

Funções benéficas do sebum

Então, o que há de benéfico, de verdade, na oleosidade da pele? O sebum apresenta várias funções benéficas à pele do ser humano, a saber:

  1. Confere uma barreira de proteção física à pele, participando, inclusive, do processo de hidratação cutânea, por formar filme físico na superfície da pele, impedindo, assim, a evaporação da água.
  2. É um potente emulsificador de substâncias, facilitando a dispersão de substâncias de forma regular na superfície da pele, evitando, assim, áreas de acúmulo exagerado e irritações pontuais.
  3. É um agente antimicrobiano, antibacteriano e antifúngico.
  4. É precursor da vitamina D.
  5. Confere fotoproteção à pele. Porém, CUIDADO: essa função é fraca, não substituindo a aplicação de filtros solares diariamente sobre a pele..
  6. Tem propriedades de combate a formação de alguns radicais livres.

Curiosidades por trás do sebum

  • A taxa de produção de sebum é maior entre os homens do que entre as mulheres.
  • Em ambos os sexos, sua produção é maior entre 26 e 40 anos, seguida pela faixa etária dos 16 aos 25 anos, dos 41 aos 60 e, por fim, dos menores de 15 anos.
  • Até os 15 anos de idade, a secreção nas meninas é maior que a dos meninos, sendo ainda mais exacerbada entre as meninas de 11 a 15 anos de idade.
  • Acima dos 15 anos, porém, a secreção sebácea masculina é significativamente maior que a feminina.
  • Não há relação entre a intensidade da oleosidade e a gravidade da acne, embora a produção de sebo em pacientes com acne é 59% maior que na pele dos sem tendência à acne.
  • Pessoas com acne têm um sebum de qualidade diferente do dos sem acne: os acneicos têm mais ácidos graxos livres e menos ácido linoleico no sebum que, respectivamente, irritam a parede da glândula sebácea e desprotege a parede da glândula.
  • No período da manhã, quando a temperatura cutânea é menor, percebe-se diminuição na taxa de secreção sebácea. Há um máximo de produção de sebum ao redor do meio-dia, passando, então, a um progressivo decréscimo, atingindo frações muito pequenas durante a madrugada.
  • A produção do sebum é maior quanto maior a temperatura ambiental.
  • A produção de sebum é maior na zona “T” (testa, dorso nasal e “queixo”), onde há maior temperatura facial. De fato, a produção de sebum aumenta 10% para cada 1oC de aumento da temperatura cutânea facial.

Como melhorar a oleosidade da pele, sem a eliminar?

Bom, já vimos os dados gerados pela ciência feita com o sebum e, também, seu papel benéfico à pele. Agora, como ajudar nossa pele a não produzir sebum em excesso e mantê-la menos brilhante? Aí vão as dicas:

  • DESESTRESSAR É O LEMA: estresse físico e emocional pioram a secreção sebácea.
  • NADA DE CALOR DEMASIADO: como já falado, ambientes quentes (e úmidos) tendem a aumentar a taxa de secreção sebácea. Logo, refresque-se!
  • ALTO LÁ COM A LIMPEZA EXCESSIVA: por ter efeito protetor à pele, quanto mais o sebum é removido, mais a pele produzirá novo sebum para o repor. Logo, lavar exageradamente é prejudicial: lavar a pele duas vezes ao dia, de manhã e à noite, já basta.
  • PAPEL TOALHA É UM EXCELENTE AMIGO: está sentido a pele muito oleosa, ao invés de lavá-la exageradamente, pegue um papel toalha e, SEM RASPAR A PELE!, toque-a levemente. O sebum em excesso será removido, sem ser eliminado totalmente; assim, não há produção compensatória.
  • LAVAR COM O SABONETE CERTO: essa dica é preciosa; pele oleosa deve ser lavada com sabonete específico para esse tipo de pele, pois isso ajuda a controlar o pH da pele e mantê-la hidratada.
  • USAR PRODUTOS ESPECÍFICOS PARA A PELE OLEOSA: a escolha de produtos específicos para a pele oleosa é mandatória, pois isso impede que a pele brilhe, à custa de substâncias oleosas presentes nos produtos, e evita a oclusão das glândulas sebáceas, piorando a acne.

Bom, consegui defender o sebum? Logicamente, a pele oleosa em excesso, além do papel inestético per se, pode desencadear acne na pele daqueles que têm tendência a ela. Por isso, focar nas dicas acima é primordial para ter um equilíbrio entre o proveito das coisas boas do sebum e o impedimento de caos sócio-emocional de ver a pele brilhando naquele compromisso tão importante. Vai a dica. Até o próximo mês!

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Adilson Costa

 

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