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Novos tratamentos dão esperança a quem sofre de dermatite atópica

Última geração de medicamentos para essa doença da pele está transformando a vida de quem convive com ela, mas acesso ainda é um desafio

Por Anderson Alves Costa*
Atualizado em 7 abr 2023, 20h17 - Publicado em 7 abr 2023, 14h00

A dermatite atópica é uma doença de pele comum, não contagiosa, que se apresenta com muita coceira e ressecamento da pele, o que leva à descamação e a inflamações recorrentes. Frequentemente vem acompanhada de asma ou rinite alérgica.

Ela ocorre principalmente na infância, afetando cerca de 20% das crianças, e, no geral, os sintomas tendem a melhorar com o passar dos anos, ainda que a tendência à pele seca e sensível permaneça.

A doença pode comprometer bastante a qualidade de vida. A coceira intensa dificulta o sono e a concentração nas atividades diárias; a pele, quando inflamada, ocasiona dor e ardência; há risco de feridas e sangramentos; e o estigma da parte de quem não conhece o problema.

Os adultos também podem ser acometidos pela dermatite atópica e, nas últimas décadas, temos observado um aumento dos casos graves nessa fatia da população.

Em relação ao tratamento, a maioria dos casos são leves e podem ser controlados com uso de medicamentos em pomada e cremes hidratantes específicos. Em alguns períodos, pode ser necessário uso de antialérgicos via oral e antibióticos, caso haja sinais de infecção na pele.

O grande desafio são os casos moderados e graves, que não melhoram com os tratamentos clássicos. Para esses pacientes e familiares, a doença torna-se um sofrimento crônico, com pouco alívio dos sintomas mesmo com uso de várias estratégias terapêuticas.

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Até pouco tempo atrás, praticamente não tínhamos tratamentos específicos para o controle da dermatite atópica grave, sendo a ciclosporina (um imunossupressor) uma das poucas medicações com indicação em bula para a doença. A outra opção era recorrer a tratamentos off-label.

Mas esse cenário vem mudando e atualmente temos três novos medicamentos para controlar os casos mais intensos de dermatite atópica aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Esses medicamentos têm demonstrado efetividade e segurança no controle da doença, reduzindo drasticamente os sintomas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

Os medicamentos aprovados mais recentemente são de uma classe chamada inibidores da JAK, o upadacitinibe e o baricitinibe. O nome JAK deriva de Janus quinase, enzimas intracelulares envolvidas em algumas doenças imunomediadas, como a dermatite atópica. Essas enzimas funcionam como mensageiros, levando informações de fora da célula para seu núcleo, e estão envolvidas na inflamação crônica da pele.

Essa classe de medicamentos trouxe um novo campo de tratamento para a dermatite atópica, possibilitando modular a ação dessas substâncias envolvidas no processo patológico e interrompendo o ciclo da doença.

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Outro medicamento já aprovado há alguns anos para uso em adultos, o biológico dupilumabe, um anticorpo monoclonal que inibe duas moléculas-chave no processo inflamatório da dermatite atópica, também rende novidades.

São elas: a aprovação pela Anvisa para uso a partir dos 6 meses de idade e a inclusão no Rol da ANS de cobertura obrigatória pelos planos de saúde para pacientes adultos com dermatite atópica grave que apresentem falha, intolerância ou contraindicação à ciclosporina.

São boas notícias, se pensarmos que essas medicações estão efetivamente transformando a vida dos pacientes e reduzindo seu sofrimento. Mas, infelizmente, ainda temos obstáculos de acesso. Esses remédios custam alguns milhares de reais por mês e ainda não estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Eis um desafio que pacientes, famílias, médicos e toda a sociedade terão de enfrentar em algum momento.

* Anderson Alves Costa é médico dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)

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