Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Letra de Médico Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Orientações médicas e textos de saúde assinados por profissionais de primeira linha do Brasil
Continua após publicidade

Infertilidade: útero artificial é realidade ou ficção científica?

Especialista comenta o que podemos esperar de inovações como útero artificial e embriões geneticamente modificados

Por Rodrigo Rosa*
13 jul 2023, 09h00

Toda inovação que ajude a combater a infertilidade é bem-vinda. Estamos falando de uma condição que afeta uma em cada seis pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e tem diversas causas que impedem e criam obstáculos à gestação de um bebê saudável.

Mas, no campo das novidades, precisamos separar a realidade da ficção científica. Além disso, certos avanços que são possivelmente viáveis podem demorar anos para tornarem-se palpáveis, o que pode gerar mais ansiedade nas mulheres e nos homens que sofrem com a dificuldade de ter filhos.

No final do ano passado, um vídeo criado por um produtor e cineasta apresentava uma empresa fictícia que oferecia serviços de “gravidez in vitro” através de úteros exógenos (artificiais). Apesar de o conteúdo deixar claro que o vídeo é fictício, as informações se espalharam, dando esperança a mulheres sem úteros funcionais.

O que temos atualmente sobre esse assunto ainda está no campo da pesquisa experimental. Todos os modelos animais não conseguiram ter uma gestação extraútero, ou seja, ainda não há aplicabilidade para essa “técnica” na vida real. Estamos muito distantes dessa realidade – e a viabilidade disso também não será nada fácil.

+ LEIA TAMBÉM: Por que a infertilidade avança globalmente?

Um ponto de entrave é que o útero artificial teria que ser sustentado por muitos meses, com sangue, oxigênio, nutrientes e hormônios na quantidade ideal, no que somente a máquina humana prova-se eficaz.

Continua após a publicidade

Fora isso, temos muitos estudos mostrando o efeito da epigenética nos bebês, ou seja, a reação da mãe, sua personalidade, a forma como lida com a gestação, tudo isso repercute na formação do bebê. Muitos sentimentos e ligações mais complexos, que não estão relacionados apenas à nutrição do feto, são transmitidos de mãe para filho.

Devemos considerar que isso teria grande impacto social, transformando totalmente a gravidez, com extensas discussões éticas para a aceitação pública e regulatória.

Atualmente, nos casos de útero não funcional, é possível ter um filho por meio do útero de substituição, popularmente conhecido como barriga de aluguel – quando uma pessoa fora da relação cede o útero para a gestação.

As resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM) permitem que a barriga solidária tenha grau de parentesco (com o casal ou a mulher tentante) ou não seja do vínculo familiar. Esse último caso, no entanto, ocorrerá mediante a comprovação da impossibilidade de a tentante ou de uma parente próxima ser essa figura, sendo necessária a solicitação de uma autorização de excepcionalidade junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM) da jurisdição em que os tentantes estão situados.

Outra inovação que ganhou manchetes diz respeito aos embriões geneticamente modificados. As falhas genéticas ocorrem durante a formação do óvulo e do espermatozoide e geralmente têm relação com a idade mais avançada dos tentantes durante a concepção.

Continua após a publicidade

Editar e reparar genes mutantes poderia evitar que a criança resultante tenha uma doença hereditária. Mas as discussões éticas também apresentam um entrave para esse caso de bioengenharia.

No Brasil, atualmente, existe o teste genético pré-implantação para aneuploidia (PGT-A), que serve para testar o mapa cromossômico de embriões. O objetivo é identificar, na análise cromossômica dos embriões, se eles têm o número certo (23 pares) de cromossomos, demonstrando ser aqueles com maior chance de vir a se desenvolver e nascer.

O teste é feito em quase 50% dos casos de fertilização in vitro. Essa já é uma realidade. A importância da análise cromossômica é aumentar as taxas de nascidos vivos e diminuir taxas de aborto através da seleção de embriões competentes.

Embora o futuro da fertilidade pareça um terreno fértil, precisamos separar a realidade da ficção e acolher os casais que passam por esse desafio.

* Rodrigo Rosa é ginecologista e especialista em reprodução humana, diretor clínico da Mater Prime e do Mater Lab, em São Paulo, e membro da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH)

Continua após a publicidade
Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.