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Hospital fora do foco

A principal função do hospital é atender pacientes com problemas graves, mas tem se tornado um ambulatório para questões de baixa complexidade

Por Claudio Lottenberg
26 out 2018, 15h12
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  • A assistência médica desenvolveu-se no Brasil dentro do modelo hospitalocêntrico, que leva os hospitais a ficarem desnecessariamente sobrecarregados devido à procura pelos pacientes, muitas vezes, com simples resfriados ou dores nas costas – questões de pela baixa complexidade. A rigor, foge por completo de um modelo ambulatorial, mais eficiente, mais eficaz e que deveria vir também focado na medicina primária.

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    Aliás isto tem sua origem na própria formação médica. Explico: o último grande estudo relativo à formação médica foi o chamado Relatório Flexner, em que o autor, Abraham Flexner, a pedido da Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, com apoio da Fundação Rockefeller, propôs importantes mudanças para as escolas médicas no Estados Unidos.

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    Por que este estudo que remonta há mais de um século contribuiu para a mentalidade hospitalocêntrica?  Para Flexner, os médicos deveriam ser formados para trabalhar em duas vertentes: uma delas como pesquisadores, e a outra como médicos que trabalhavam em ambientes hospitalares. Diante dessa premissa, a referência de atividade de assistência à saúde passou a ser o hospital. Na história da civilização, o hospital começa com papel de apoio à assistência à saúde.

    A maior parte dos tratamentos ocorria, na verdade, fora do ambiente hospitalar. Na década dos anos 70, do século passado, o hospital se tornou o centro do universo do cuidado à saúde, consolidando o modelo hospitalocêntrico, no qual os custos de investimentos em tecnologia levam à necessidade de se concentrar os esforços em um único local. É o modelo de concentração de alta complexidade que agrega todos os demais atendimentos/serviços satélites.

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    Outras funções

    O problema é que esse modelo extremamente oneroso não reproduz, necessariamente, aquilo que de fato agrega valor na assistência à saúde. O hospital, na verdade, é o local que deveria atender pacientes graves, transplantados, pacientes agudos, e não serem transformados, como acabaram sendo, em casas de longa permanência.

    Esse cenário favorece a ineficiência não só dos hospitais mas também dos sistemas, uma vez que a referência deixou de ser o médico – que é efetivamente quem cuida da saúde do paciente – e passou a ser o hospital. Para se buscar o modelo ideal em relação à saúde é fundamental um resgate acerca da própria formação médica. Passado mais de um século, é hora de rever o Relatório Flexner com novo olhar e tirar o foco do hospital em favor do desenvolvimento de um modelo ambulatorial.

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