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Estudo nacional investiga novas formas de evitar a recorrência de um AVC

Pesquisa vai avaliar se medicamentos acessíveis no país ajudam a prevenir um novo episódio do ataque por trás de sequelas e mortes

Por Renato Delascio Lopes e Gustavo Campana*
Atualizado em 15 Maio 2023, 09h50 - Publicado em 15 Maio 2023, 09h50

O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de morte e de incapacidade no Brasil. Apenas em 2022, cerca de 12 brasileiros morreram por hora vítimas de AVC, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde – DATASUS. Entre as pessoas que sobrevivem a um episódio, muitas ficam com sequelas que podem acompanhá-las durante toda a vida e o risco de ter um segundo AVC ainda mais grave em até cinco anos chegam a 20%, dependendo de cada caso.

Além das irreparáveis perdas de vidas, a recorrência de AVCs causa um grande impacto na economia e na saúde pública. Atualmente, os protocolos de tratamento dependem do tipo de AVC que a pessoa teve: hemorrágico ou isquêmico.

No caso do hemorrágico, que é o mais grave, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. E a monitoração neurológica intensiva (em UTI) é obrigatória.

Para tratar o paciente que teve AVC isquêmico, o tipo mais frequente, os protocolos recomendam diferentes tratamentos a depender de características como tempo do início dos sintomas, estado do paciente, presença de comorbidades e a infraestrutura da unidade hospitalar onde o paciente é atendido.

Hoje, cerca de 40% das pessoas que se aposentam precocemente são por causa de sequelas decorrentes de um AVC. Além disso, os custos com exames, internação, medicações, fisioterapia etc., que na maioria dos casos são necessários para o paciente se recuperar, são altíssimos. Por isso, é urgente a busca por alternativas que ajudem a reduzir os casos de reinternações e até mesmo das possíveis sequelas permanentes.

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É aí que se encaixa um estudo que será feito em solo brasileiro. Batizado de ARCHIMEDES, o trabalho começa no segundo semestre de 2023 com a expectativa de mudar a forma como vítimas de AVC isquêmico não decorrente de embolia serão acompanhadas e tratadas. O objetivo é evitar mortes e sequelas incapacitantes, assim como reduzir os impactos disso aos cofres públicos.

Cerca de 4 mil pacientes, em 40 hospitais de todo o Brasil, devem participar da pesquisa, que está sendo desenvolvida pelo Brazilian Clinical Research Institute – BCRI, com o apoio e parceria operacional da Alliança – Excelência em Saúde. Aproximadamente 400 médicos pesquisadores participarão da ação e serão realizadas mais de 8 mil tomografias de controle, dispensando mais de 100 mil medicamentos durante a investigação.

Nessa pesquisa, será avaliado se o uso de dois medicamentos, já existentes no mercado há algum tempo, inclusive em versões genéricas, pode levar a uma redução de eventos cardiovasculares maiores, como infarto agudo do miocárdio ou um novo acidente vascular cerebral, em pacientes que tiveram AVC isquêmico. No momento, esses remédios são utilizados no tratamento de dores e inflamações em indivíduos com gota e no tratamento da doença arterial coronariana (no coração) e periférica (nos membros).

Caso tenham a eficácia e a segurança comprovadas pelo estudo ARCHIMEDES, milhares de vidas poderão ser salvas, fora os ganhos expressivos à economia brasileira. Esse também é o primeiro grande estudo clínico na área conduzido e liderado pelo Brasil, contemplando toda a diversidade da nossa população.

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Teremos a participação dos melhores e mais experientes pesquisadores nacionais e internacionais dessa área da medicina, garantindo a condução do trabalho com excelência, em uma abordagem multicêntrica que reúne academia, iniciativa privada e comunidade científica.

Quase 100 mil brasileiros morreram vítimas de acidente vascular cerebral apenas em 2022. Uma realidade muito preocupante quando sabemos que existe a possibilidade de usar medicações e estratégias terapêuticas acessíveis para mudar esse cenário.

Daí a importância de iniciativas científicas de peso como este estudo, capaz de oferecer à comunidade médica e aos pacientes uma melhor definição para o tratamento do AVC isquêmico no Brasil e no restante do mundo.

* Renato Delascio Lopes é cardiologista e líder do comitê científico do Instituto Brasileiro de Pesquisa Clínica (BCRI); Gustavo Campana é patologista e vice-presidente médico da Alliança Excelência em Saúde

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