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Lula quer retomar poder que o Congresso retirou de Bolsonaro

O que aconteceu, acha, foi "uma usurpação do poder" presidencial: "Acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada, parece o bobo da corte"

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 ago 2022, 12h47 - Publicado em 26 ago 2022, 12h46
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  • Era Palanque Eletrônico quando estreou na Rede Globo, exatos 33 anos atrás. Foram duas semanas de entrevistas com 11 dos 22 candidatos inscritos. O horário parecia ingrato — a partir das 22h30 — para a maioria do eleitorado, mas a novidade atraiu e logo transformou a disputa presidencial, a primeira pelo voto direto desde o fim da ditadura, num grande espetáculo da política.

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    Naquele fim de agosto de 1989, Lula ainda era o candidato Luis Inácio da Silva. Aparecia em quarto lugar com 5%, distante nada menos que 36 pontos percentuais do líder na pesquisa do Datafolha, Fernando Collor, ex-governador de Alagoas. Lula soube usar o Sudeste como trampolim, arrebatou parte do eleitorado do Nordeste e passou ao segundo turno com 11,6 milhões de votos — 9,5 milhões a menos do que Collor. Perdeu a eleição na segunda rodada com 31 milhões, numa diferença de 4 milhões de votos.

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    Do Palanque Eletrônico ao Jornal Nacional, ontem, contam-se 33 anos de Lula como personagem central em eleições presidenciais desde a redemocratização. Quando não pode disputar, patrocinou e guiou substitutos (Dilma Rousseff e Fernando Haddad).

    Antes, desenhava o futuro para o eleitorado. Hoje, prefere se manter enigmático: “Eu não quero definir agora o que que eu vou fazer. Primeiro eu preciso ganhar as eleições. Esse negócio da gente ficar prometendo fazer as coisas antes da gente ganhar a gente comete um erro.”

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    A exceção é sobre o poder presidencial, que entende ter sido subtraído pelo Congresso na manobra do orçamento secreto, ou paralelo, liderada pelos partidos que compõem o Centrão e com aval da maioria oposicionista, inclusive do seu Partido dos Trabalhadores.

    Se eleito, avisa, vai buscar a fatia de poder que o Congresso assumiu no orçamento. Como? “Não vou conversar com o Centrão porque o Centrão não é um partido político” — disse — “mas com os partidos separados”. Para ele, salvo o PT e mais dois ou três, todos os demais partidos viraram “cooperativas de deputados”.

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    O que aconteceu, definiu, foi “uma usurpação do poder” presidencial sobre o orçamento público: “Ou seja, acabou o presidencialismo. Bolsonaro não manda nada. O Bolsonaro é refém do Congresso Nacional.”

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    Acrescentou: “O Bolsonaro sequer cuida do orçamento, sequer cuida do orçamento. O orçamento quem cuida é o [presidente da Câmara, Arthur] Lira. Ele que libera verba. O ministro liga pra ele, não liga pro presidente da República. Isso nunca aconteceu desde a Proclamação da República.”

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    Lula deixou claro que, se vencer em outubro, vai à luta para “acabar com essa história de semipresidencialismo, de semiparlamentarismo no regime presidencial”.

    Quer resgatar o controle pleno do orçamento porque não pretende ficar refém, como Bolsonaro que “parece o bobo da corte”. Como? “Conversando com eles [deputados e senadores]. Hoje não é só o presidente da República não, os governadores de Estado também estão refém dessas emendas secretas. Antigamente, o deputado ia conversar com o governador pra fazer a aplicação de verba [federal]. Hoje, os deputados não conversam mais. Tem deputado liberando duzentos milhões, cento e cinquenta milhões, cem milhões. Isso é um escárnio. Isso não é democracia. Então essas coisas, pode ter certeza, nós vamos resolver conversando com os deputados.”

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    Lula já gastou dois terços dos 76 anos de vida em negociações, no sindicalismo e na política. É o mais bem-sucedido sobrevivente da velha guarda de 1989. Se eleito, vai enfrentar aquela que, talvez, seja a sua mais difícil negociação: convencer o Congresso a entregar-lhe a chave do poder — o controle do orçamento. O adversário Jair Bolsonaro até que tentou. Depois de dois anos, jogou a toalha e rendeu-se à holding das “cooperativas de deputados”, o aglomerado partidário conhecido como Centrão.

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