Lula faz ‘blindagem’ na Justiça, sem rumo na segurança pública
Governo gastou meses na sucessão ministerial, mas quase nada se sabe sobre o rumo no serviço básico de lei e ordem num país onde o faroeste é cotidiano
Há meses, Lula mantém o Partido dos Trabalhadores e aliados no Congresso entretidos em conversas sobre o futuro do Ministério da Justiça.
O desfecho está previsto para esta semana com a saída de Flavio Dino, que toma posse no Supremo Tribunal Federal em fevereiro.
É provável que Dino seja substituído por Ricardo Lewandovsky, ex-presidente do STF.
Assim, forma-se a maioria de oito no plenário de onze juízes do Supremo indicados em governos petistas — quatro por Lula e quatro por Dilma.
A eventual presença de Lewandovsky na Justiça completaria “a blindagem” jurídica do Planalto, na maledicência da oposição.
Tudo legítimo, mas e a (in)segurança pública? Gastaram-se meses na discussão sobre a sucessão ministerial, e quase nada se sabe sobre o rumo do governo Lula no serviço básico de lei e ordem num país onde a vida vale cada vez menos no faroeste cotidiano, que deixa rastro de meia centena de milhares de mortes violentas a cada virada no calendário, informam os anuários do crime.
A crítica à insegurança pública tem sido unanimidade nas pesquisas de opinião pública. O Rio é o retrato cosmopolita da anarquia nesse serviço público, mas não é caso isolado, como se constata no avanço das máfias policiais e do tráfico nas cidades com mais de 50 mil eleitores. A Amazônia, por exemplo, se destaca com uma dúzia de municípios listados entre os vinte recordistas nacionais em mortes violentas.
Nos dois primeiros governos, Lula conseguiu driblar o problema, sempre remetendo-o à responsabilidade dos Estados e Municípios. Treze anos depois, o mundo é outro e a equação política mudou: a insegurança pública é um problema nacional, inescapável para qualquer governo.
É pauta certa nas disputas municipais deste ano, e tende a se tornar tema central na campanha presidencial de 2026.