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Lula e Bolsonaro continuam aprisionados no século passado

Bolsonaro se esforça para estimular o consumo de combustíveis fósseis. Lula recauchuta antigos discursos sobre o pré-sal, a Petrobras e a Eletrobras

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 jun 2022, 17h11 - Publicado em 7 jun 2022, 08h00
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  • Lula e Bolsonaro se desejam, e a cada dia de campanha se tornam mais interdependentes. Um diz que só vai a debates se o outro for, e ambos se empenham na construção de um clima de duelo eleitoral em outubro.

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    Ontem, por exemplo, Lula sancionou dezoito páginas de “diretrizes” do seu programa de governo. É parte do rito eleitoral do Partido dos Trabalhadores que ele ajudou a criar nas campanhas das últimas quatro décadas.

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    Os aliados podem propor emendas “substitutivas”, “modificativas”, “aditivas” ou “supressivas”. As sugestões devem ser enviadas até às 9 horas de quinta-feira pelo e-mail “programalula2022@gmail.com” (requer atenção porque não tem a extensão “.br”).

    Bolsonaro replicou — com o improviso típico de um governo que atravessou a pandemia sem bússola e continua sem rumo na mais grave crise inflacionária da última década e meia.

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    Anunciou uma fatia do seu pacote eleitoral, com um tipo de auxílio emergencial aos consumidores de gasolina, gás e diesel (o preço do petróleo no mercado mundial aumentou 20% nas últimas cinco semanas).

    O plano é complexo, deixou claro o ministro Paulo Guedes. Pode parecer subsídio, ter cheiro de subsídio mas não é subsídio, no sentido clássico dos manuais de economia. “É redução de imposto”, esclareceu o ministro da Economia, acrescentando: “E tem prazo definido, até 31 de dezembro.”

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    Significa que, se vier a sair do papel, vai valer apenas no período entre a temporada eleitoral e o réveillon.

    Quanto vai custar? Ninguém sabe. Quem vai pagar? Também não está nítido, exceto na parte em que os Estados liquidariam de imediato sua arrecadação tributária sobre combustíveis.

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    Depois, receberiam algum dinheiro repassado pelo governo federal. É promessa, porque depende do Congresso aprovar mudança na Constituição — em dois turnos de votação, com 308 votos favoráveis na Câmara e 49 no Senado.

    Em política, tudo é possível na “urgência urgentíssima” de uma campanha com um presidente e 540 deputados e senadores diretamente interessados na reeleição.

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    Bolsonaro está preocupado com a rejeição recorde no presente. Lula lidera esboçando um desenho para o futuro lastreado no passado (“Eu tenho um legado, não preciso fazer promessas”, tem repetido).

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    Ambos continuam aprisionados no século XX. Bolsonaro procura meios para estimular o consumo nacional de combustíveis fósseis numa era de transição para fontes renováveis de energia.

    Lula recauchuta antigos discursos. “O pré-sal será novamente um passaporte para o futuro”, registra nas diretrizes do seu programa de governo. “Nos opomos fortemente à privatização”, acrescenta, citando a Petrobras, a Pré-Sal Petróleo (PPSA), a Eletrobras, os Correios e bancos públicos “como BB, CEF, BNDES, BNB, BASA e a FINEP”.

    É alegoria eleitoral, ele sabe. Privatizar Petrobras e a PPSA é operação complicada, como já descobriu Bolsonaro. A complexidade política e econômica consumiria um mandato inteiro apenas para preparar o processo de venda, sob contestação constante no Legislativo e no Judiciário.

    No caso da Eletrobras ocorre o inverso. O problema, agora, é desfazer a privatização em andamento. Ela foi autorizada pelo Congresso. Voltar atrás exigiria esforço político inédito, com consequências imprevisíveis no aumento da insegurança jurídica e a um custo econômico  superior — e inestimável — ao da venda já encaminhada.

    O tema pode ter demanda fácil no PT e adjacências. Difícil vai ser obter a resposta desejada num ambiente democrático.

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