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Falta de vacina complica a eleição para Bolsonaro e aliados

Presidente e candidatos governistas ficam expostos à crítica pela escassez. No ritmo atual de vacinação, o eleitorado só estará imunizado no final de 2022

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 Maio 2021, 09h20
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  • Até às 20h de ontem, somente um de cada dez brasileiros havia recebido duas doses de vacina contra a Covid-19.

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    Quatro meses depois de iniciada a vacinação, existem apenas 22 milhões de pessoas imunizadas numa população de 212 milhões.

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    Esse ritmo lento é consequência da escassez de vacinas — resultado do engenho político do governo Jair Bolsonaro como tem sido demonstrado, diariamente, pela CPI da Pandemia.

    A lerdeza na vacinação condiciona a economia. Como diz o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, “o tempo é essencial”, porque o medo da morte se reflete na auto-imposição do distanciamento social, cujo custo econômico é elevado.

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    Numa reunião com banqueiros, nesta semana, ele sugeriu estudos sobre como a vacinação ao ritmo de um milhão a dois milhões de pessoas por dia — ou seja, ao dobro ou ao triplo da velocidade atual —, influenciaria o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

    Campos Neto sabe o resultado porque o Banco Central fez essas projeções, e resumiu: “É um impacto brutal.”

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    Empresas financeiras incorporaram prospecções do gênero à rotina das avaliações de risco político e econômico. Na corretora paulista BCG Liquidez, por exemplo, os economistas Juliano Ferreira e Rafael Costa começaram a semana com a análise de algumas das consequências desse ritmo lento na vacinação.

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    Em maio, a média ficou abaixo de 600 mil pessoas por dia. Nessa velocidade, somente em setembro seria possível alcançar 80% do grupo de brasileiros com mais de 60 anos imunizados com a segunda dose.

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    Haveria antecipação do prazo,  se a partir de amanhã o ritmo fosse acelerado para um milhão de vacinados por dia, numa demonstração de competência do governo em comprar e receber  com urgência os insumos e as vacinas que descartou durante o ano passado.

    Na vida real, as chances disso acontecer são reduzidas. Por isso, a economia continuará patinando. Em consequência, se complicam as perspectivas de Bolsonaro e seus aliados para a temporada eleitoral de 2022.

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    A bancada governista na CPI da Pandemia é caso exemplar. No plenário da comissão, o mais ativo defensor de Bolsonaro, e da sua opção por cloroquina em vez de vacina, tem sido o senador Marcos Rogério, do DEM de Rondônia.

    Ele é candidato ao governo do Estado mais atrasado na vacinação e que detém com a segunda maior taxa de mortalidade do país.

    Até à noite de sexta-feira, 87,2% da população de Rondônia (1,7 milhão) não havia recebido sequer a primeira dose. No mesmo dia e horário, o contingente dos sem vacina em Mato Grosso do Sul era muito menor (72,2%).

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    A lenta imunização deixou Rondônia com a segunda maior média de mortes por Covid-19 do país, atrás apenas do Amazonas — indica levantamento do Tribunal de Contas do Estado em parceria com a Controladoria Geral da União, a partir de informações do Ministério da Saúde.

    Foram 286 vítimas por grupo de 100 mil habitantes no primeiro trimestre. Esse nível de mortalidade é 53% superior à média nacional.

    A situação é ainda mais crítica em um dos principais redutos eleitorais do senador Marcos Rogério: Porto Velho registrou mortes em quantidade 60% acima da média brasileira.

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    O quadro não é muito diferente nos estados de outros integrantes da bancada governista na CPI.

    Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder de Bolsonaro no Senado, é representante de Pernambuco, onde 81,6% dos habitantes (9 milhões) continuam à espera da primeira dose da vacina contra a Covid-19.

    Mais acima, no mapa do Nordeste, a situação está um pouco pior. O Piauí do líder do Centrão Ciro Nogueira (PP), candidato ao governo estadual, mantém 82% da população (3,1 milhões) sem vacina. Empata com o Ceará (9,1 milhões de habitantes) do senador Eduardo Girão (Podemos).

    Nesse ritmo vagaroso, a vacinação tende virar um grande problema Bolsonaro e aliados na campanha eleitoral do próximo ano.

    Se nada mudar na ação do governo federal pela vacina, somente na época das eleições gerais de 2022 o país deverá atingir a imunização do grupo populacional com mais de 16 anos. Ou seja, a vacinação das 147 milhões de pessoas que compõem o eleitorado nacional só estará completa na época da contagem de votos.

    Até lá, Bolsonaro e aliados correm o risco de atravessar a campanha eleitoral expostos à cobrança constante dos eleitores ansiosos pela vacina, cuja escassez limita o crescimento econômico do país.

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