Esquerda deixou radicalismo, negociou com o centro e venceu no Chile
Gabriel Boric, 35 anos, se elegeu presidente porque aceitou tirar a roupagem de radical ao assumir compromissos com a centro-esquerda
A esquerda radical venceu no Chile, com uma vantagem de 11,7 pontos percentuais, porque o candidato Gabriel Boric (55,8% dos votos) demonstrou habilidade ao moderar o discurso e assumir compromissos com a centro-esquerda, que governou o país por duas décadas. Ou seja, venceu porque Boric, 35 anos, aceitou tirar a roupagem de radical.
Já a ultradireita perdeu, porque o candidato José Antonio Kast (44,1%) não soube, ou não quis, recuar na agenda radical, autoritária e conservadora, ostensivamente contra os direitos civis com pinceladas militaristas — ou “pinochetistas” como alguns preferem.
Kast havia vencido o primeiro turno. Ontem, saiu das urnas com uma votação menor do que a obtida pelo liberal Sebastián Piñera, atual presidente, no segundo turno em 2017.
Não foi um domingo inteiramente ruim para o político que defendeu em praça pública a sanguinária ditadura dos anos 70. Ele foi dormir como o derrotado com a mais alta votação (3,6 milhões) da história chilena.