Governo e oposição tentam decifrar um enigma econômico-eleitoral.
O auxílio emergencial pago durante o ano passado teve efeito significativo na redução temporária dos níveis de pobreza no Nordeste.
A fatia da população nordestina com renda inferior a R$ 450 mensais era de 44,6% em 2019.
Caiu para 40,5% em 2020, conforme dados divulgados na sexta-feira pelo IBGE.
A proporção de pessoas sobrevivendo na extrema pobreza, ou seja com renda inferior a R$ 155 por mês, era de 14,2% e recuou para 10,4% no ano passado.
Economicamente, é explicável: os pobres, de maneira geral, recebiam uma ajuda mensal de R$ 200, via Bolsa Família, e passaram a receber R$ 600 com o auxílio emergencial.
Politicamente, a conta não fecha. Mesmo beneficiado por um vigoroso programa assistencial do governo federal, o Nordeste, com cerca de 40 milhões de eleitores, continuou a ser o principal reduto regional de oposição a Jair Bolsonaro.
Decantada nas pesquisas, a avaliação dos nordestinos sobre o governo chega a 69% entre “ruim” e “péssimo”.
Fica pior quando se questiona sobre o desempenho de Bolsonaro na Presidência da República: a desaprovação dos nordestinos vai ao recorde de 79%.
No Palácio do Planalto, tenta-se entender para saber o que seria possível fazer para reduzir a insatisfação durante a campanha de reeleição.
Na oposição, tenta-se compreender para encontrar meios de ampliar o oposicionismo nos nove Estados — ainda resta uma fatia minoritária de nordestinos que apreciam Bolsonaro e o seu governo.