Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Eleitores salvaram candidatos no debate presidencial

Alertas sobre a frustração da audiência com o excesso de ofensas, em vez de propostas para o futuro governo, mudaram o rumo da discussão

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 set 2022, 12h44 - Publicado em 30 set 2022, 05h10
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Último ato da campanha, o debate dos candidatos à presidência na Rede Globo foi um espetáculo de política, pontuado por momentos de tragicomédia.

    Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, amparou-se na exótica vestimenta de um autoproclamado padre, Kelmon (PTB), para “enfrentar” o adversário Lula (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto. “Você é padre ou está fantasiado de padre?”, ironizou Lula.

    O volume de insultos obrigou o mediador William Bonner a inusitadas intervenções, com peculiar elegância e bom humor, em defesa dos eleitores que estavam do outro lado da tela de televisão: “Eu peço, por favor, que se acalmem. Mais uma vez eu vou lembrar que os senhores assinaram documentos para estarem aqui diante do público brasileiro apenas para debater, e não para esse tipo de agressão e de ofensa pessoal. Vamos respirar. Vamos respirar…”

    No campo de batalha, Bolsonaro teve inúmeras chances de confrontar Lula diretamente. Refugou. Preferiu acusá-lo de um crime (“mentor intelectual do assassinato” em 2002 do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, do PT) numa pergunta à candidata Simone Tebet (MDB).

    Ela retrucou: “Eu acho que falta ao senhor coragem de perguntar isso ao candidato do PT, que está aqui. Por que não pergunta para o candidato Lula sobre esse assunto? E vamos tratar do Brasil, vamos tratar dos reais problemas, vamos tratar do problema da fome que, Vossa Excelência, como presidente da República, diz que não tem. Porque é insensível, não conhece a realidade do Brasil, ou não deve andar nos grandes centros e ver nos semáforos crianças dormindo com fome e pedindo pelo amor de Deus por um prato de comida.”

    Continua após a publicidade

    Perdidos na virulência, os candidatos foram salvos pelos sujeitos ocultos no debate — os eleitores.

    Equipes de campanha que monitoravam grupos de análise do desempenho de seus candidatos, em tempo real, perceberam a frustração da audiência com a prioridade às ofensas em vez das ideias e propostas para o futuro governo.

    O alerta foi disseminado e a discussão mudou de rumo, favorecido pelo formato do espetáculo que direcionava a abordagem de questões sobre educação, saúde, segurança pública e cotas raciais, entre outros temas de interesse público.

    Continua após a publicidade

    Debate é parte de um processo detalhado em legislação específica. Ela norteia, por exemplo, os critérios de escolha dos participantes, mas sequer obriga a presença — a atual temporada eleitoral se estendeu por 13 meses, mas só aconteceram dois debates com a participação de todos os os candidatos.

    A lei eleitoral é peculiar em muitos aspectos. É a única elaborada e aprovada exclusivamente por quem dela se beneficia. Como diz o ex-deputado constituinte Paulo Delgado, sociólogo de profissão, “o contribuinte não faz a lei tributária; alunos e professores não fazem as leis educacionais; pacientes e doentes não fazem as leis médicas.”

    Essa singularidade permite aos parlamentares, e aos respectivos partidos, privilégios exponenciais — da distribuição de recursos públicos (Fundo Eleitoral) às regras básicas dos debates.

    Continua após a publicidade

    Legislam em causa própria e, por isso mesmo, deixam os eleitores em segundo plano. Ontem, antes do espetáculo político nas telas de tevê, o Supremo Tribunal Federal foi requisitado para determinar aquilo que deveria ser normal: a manutenção da regularidade na operação dos serviços de transporte coletivo nas cidades.

    A partir de uma brecha na lei eleitoral, em algumas áreas metropolitanas preparava-se uma redução no tráfego de ônibus no domingo para, estrategicamente, favorecer o aumento da abstenção nas urnas.

    Notável é que durante a formulação da lei eleitoral não se tenha registrado preocupação com facilidades no transporte público para estimular a presença de eleitores nos locais de votação, como o aumento do tráfego das concessionárias e a tarifa zero.

    Continua após a publicidade

    No Rio, o prefeito Eduardo Paes decretou gratuidade nas passagens das 6 às 20 horas do próximo domingo. Virou notícia porque é caso isolado.

    Como se viu no debate de ontem, na eleição a prioridade dos candidatos, partidos e parlamentares — a maior parte em busca da reeleição — é a caça ao voto. Isso não significa, necessariamente, preocupação com os interesses dos eleitores.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.