Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

José Casado

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Informação e análise
Continua após publicidade

Centrão negocia com Bolsonaro e Lula, para continuar onde sempre esteve

Centrão negocia com Bolsonaro e Lula, ao mesmo tempo, para preservar o controle sobre um terço do Congresso, e continuar onde sempre esteve, no centro poder

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 jul 2021, 11h09 - Publicado em 28 jul 2021, 09h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Centrão é o apelido dado a um aglomerado de interesses parlamentares consolidado em bancadas regionais. Não tem endereço, CNPJ, CPF, placa ou telefone. Não é de direita, de centro ou de esquerda. É dono de cerca de um terço dos votos no Congresso. Alia-se a qualquer governo, na medida do acesso que recebe ao orçamento e aos cargos-chave na administração pública.

    Jair Bolsonaro diz estar “entregando a alma” do seu governo a essa massa política disforme, conhecida como Centrão, ao nomear o senador Ciro Nogueira, do PP do Piauí, para a chefia da Casa Civil. É recomendável acreditar no presidente, ressalvada a caracterização de uma ação ainda em desenvolvimento. Jogador de palavras cruzadas, ele sabe o significado de gerúndio (“entregando”).

    Na vida real, como reconhece, Bolsonaro é “do Centrão”. Foi e continua sendo um representante da extrema-direita, integrante do baixo clero durante 28 anos como deputado federal, na maior parte do tempo militante do Progressistas (PP), o motor do grupo parlamentar.

    Em 2005, por exemplo, ele e Ciro Nogueira, hoje presidente do PP e novo chefe da Casa Civil, trabalharam juntos como auxiliares do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) na eleição para a presidência da Câmara.

    LEIA TAMBÉM: Bolsonaro recria pasta do Trabalho para viabilizar mudança na Casa Civil

    Continua após a publicidade

    O governo Lula apostava nas fluidas relações com esse aglomerado partidário para eleger seu candidato, o então deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Severino ganhou e tentou fazer Ciro ministro das Comunicações, Lula titubeou, mas acabou rejeitando-o. Pouco depois, revelou-se que a fluidez das relações do governo do PT com os partidos do Centrão era garantida por um aditivo, conhecido como Mensalão.

    Década e meia depois, Bolsonaro e Centrão governam juntos. Consolidam uma aliança política que se mostrou utilitária para ambos nos últimos 30 meses — à margem das frações bolsonaristas, cada vez mais isoladas em diferentes partidos. Não significa que a reeleição de Bolsonaro seja prioridade. Para o grupo, sobretudo o PP, relevante é a eleição parlamentar.

    As relações com Bolsonaro nunca estiveram tão fluidas. Ele aceitou até transferir poder sobre uma fatia expressiva do orçamento. Abriram uma conta orçamentária especial Orçamento (código RP-9) para despesas definidas por Ciro Nogueira, Arthur Lira, presidente da Câmara, e outros líderes do agrupamento partidário. Em 2020 foram R$ 19,7 bilhões nessa rubrica. Para este ano estão previstos R$ 17,5 bilhões. Até dezembro definem o gasto para 2022, ano de eleições gerais. É tudo por ofício, direto aos ministérios, numa espécie de ordem de pagamento. Sem transparência.

    Continua após a publicidade

    + Em tom de campanha, Lula mira em Paulo Guedes e Arthur Lira

    Observa-se, ao mesmo tempo, um esforço discreto de Lula com líderes do Centrão. O ex-presidente decidiu não o considerar um bloco, oposto do que faz Bolsonaro. Há meses conversa separadamente com personagens influentes do grupo. Sem orçamento, joga com a perspectiva de poder desenhada nas pesquisas eleitorais. É o que possui no momento.

    O Centrão negocia com Bolsonaro e Lula, ao mesmo tempo, focado no aumento das bancadas partidárias na eleição do próximo ano. Não importa quem venha ser eleito presidente, para esse agrupamento disforme, o relevante é para preservar (ou ampliar) o controle sobre um terço do Congresso — e continuar  onde sempre esteve, no centro poder.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.