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Bolsonaro levou Forças Armadas ao jogo da contrainformação política

Exército, Marinha e Aeronáutica acabaram envolvidos num processo de corrosão da confiança no sistema de votação e na integridade da Justiça Eleitoral

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2022, 10h11 - Publicado em 10 Maio 2022, 08h00
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  • Jair Bolsonaro insiste em arrastar as Forças Armadas a um jogo de contrainformação na política interna, em benefício da sua candidatura à reeleição.

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    Bolsonaro não joga sozinho. Tem a companhia de três generais amigos e aposentados.

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    Entre eles, destaca-se Walter Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil e ex-ministro da Defesa. Filiado ao Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto, é o predileto de Bolsonaro para a vaga de vice-presidente na tentativa de reeleição em outubro.

    Os outros são Luiz Eduardo Ramos, chefe da Secretaria-Geral da Presidência, e Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional.

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    Desde o ano passado, eles transformaram o Ministério da Defesa numa espécie de anexo do comitê eleitoral de Bolsonaro, com Braga Netto no comando.

    Criado para integrar Exército, Marinha e Aeronáutica, o ministério é órgão de governo com a incumbência de articular a doutrina de Defesa e o conjunto de iniciativas militares no orçamento federal, que custam ao país pouco mais de R$ 110 bilhões neste ano.

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    Porém, desde o início do governo Bolsonaro, Braga Netto, Ramos e Heleno se empenham em redirecionar a Defesa na promoção de uma tentativa de resgate do papel de “moderador” dos conflitos institucionais que as Forças Armadas perderam no século passado, e acabou sepultado na Constituição de 1988.

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    O quarteto passou os últimos dois anos mobilizando setores do governo (a agência de espionagem, Abin, e a Polícia Federal, entre outros) na coleta de informações sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas, para legitimar Bolsonaro na sua campanha de descrédito no processo eleitoral.

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    Ramos acionou a polícia, Heleno conduziu a Abin e Braga Netto foi portavoz da “legítima”, como classificou em discurso, desconfiança propagada por Bolsonaro — que nunca apresentou provas — sobre os resultados eleitorais a partir do voto eletrônico.

    Envolveu as Forças Armadas, instituições de Estado, em iniciativas de aparente validação dessa engrenagem que, coincidência ou não, provocou uma corrosão da confiança pública no sistema de votação eletrônica e na integridade da Justiça Eleitoral, já perceptível em pesquisas.

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    Num ambiente insuflado por acusações — sem provas — de Bolsonaro e aliados no Congresso, promoveu um desfile de carros de combate da Marinha diante do Congresso no dia em que a Câmara rejeitava a proposta de Bolsonaro para regresso ao voto impresso. E estimulou a mobilização de dezenas de especialistas das seções de guerra cibernética nas Forças Armadas, durante meses, na tarefa de identificar falhas, riscos indicar “providências”.

    O repertório de arguição e de propostas mereceu resposta técnica do Tribunal Superior Eleitoral. Deixou, no entanto, a impressão de um Ministério da Defesa integrado ao comitê central para a reeleição de Bolsonaro, sediado no Palácio do Planalto.

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    (./VEJA)

    Esse ativismo pode ser considerado o principal legado de Braga Netto ao sucessor, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército.

    General na ativa, ele acaba de completar 40 dias no posto de ministro da Defesa. Ontem recebeu cópia de um comunicado do juiz Luiz Edson Fachin, presidente do TSE, dirigido aos integrantes da Comissão de Transparência Eleitoral, sobre as mais recentes “observações e recomendações” apresentadas pela Defesa.

    Eram sete, em complemento a oito dezenas já respondidas. Foram rejeitadas com 36 páginas de argumentos técnicos e legais.

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    Na apresentação das justificativas, o juiz Fachin comentou a disposição do tribunal para “garantir paz e segurança” nas eleições.

    Para tanto, ressaltou, o TSE vai “propagar informações de qualidade e, acima de tudo, exortar o respeito ao resultado das eleições”.

    É difícil imaginar Bolsonaro desistindo de provocar as Forças Armadas para um jogo de contrainformação na política interna, na suposição de benefícios à sua candidatura.

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    Há indícios, porém, de inquietude nos comandos militares com o nível de envolvimento do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na fabricação de uma crise institucional em plena temporada eleitoral.

    Anuncia-se uma longa travessia até à posse, em janeiro, de quem for eleito presidente. Na sequência, se preveem batalhas intensas no Congresso para legitimar o novo governo, não importa quem ganhe as eleições de outubro.

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