Ano novo, imposto novo. Os governos de Goiás e do Paraná decidiram taxar o agronegócio para financiar obras de infraestrutura.
Em Goiânia, deputados estaduais marcaram para hoje a decisão sobre mudanças na legislação para estabelecer uma contribuição (de até 1,65%) sobre o valor de comercialização de produtos agropecuários.
A votação em segundo turno estava prevista para ontem, mas foi suspensa porque ruralistas descontentes invadiram o plenário da Assembleia Legislativa.
A proposta do governo goiano institui uma “contribuição” facultativa, mas condicionada à manutenção de benefícios fiscais às empresas do agronegócio.
Quem aderir, continuará a ter privilégios tributários no fluxo de caixa das operações para exportação. A previsão é de arrecadação adicional de até R$ 1 bilhão por ano.
No Paraná, o governo mandou à assembleia um projeto semelhante, sob protestos dos sindicatos rurais. Prevê-se coleta extra de R$ 1,5 a 2 bilhões anuais para financiamento da infraestrutura logística, segundo a justificativa oficial.
Paraná e Goiás têm governadores recém-reeleitos, com votação expressiva, e ambos aliados de Jair Bolsonaro.
O paranaense Ratinho Júnior é do PSD, o goiano Ronaldo Caiado é do União Brasil. De olho na disputa eleitoral de 2026, ambos tentam se projetar como alternativas da centro-direita que desde 2018 tem sido capitaneada pelo bolsonarismo extremista. Para eles, a derrota de Bolsonaro mudou o cenário.
Não estão isolados na tática de produzir mais arrecadação. O governo Lula, por exemplo, prevê um extra de R$ 3 a 4 bilhões por ano com a recriação do imposto sindical. Estuda, também, outras taxações — do comércio digital ao agronegócio.
Aumentar impostos, definitivamente, não é questão ideológica ou partidária.