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A morte e a vida na rota de um candidato ao governo de São Paulo

Geraldo Alckmin viajou 320 quilômetros para enterrar um amigo, ex-prefeito eleito quatro vezes no primeiro turno. Acabou ajudando um menino a nascer

Por José Casado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 nov 2021, 12h01 - Publicado em 19 nov 2021, 07h00
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  • Saiu cedo de São Paulo, na manhã nublada de quarta-feira. Viajou 320 quilômetros até Taquarituba, no Sudoeste paulista, para velar um amigo, Miderson Zanello Milléo, 65 anos, vítima de doença neurodegenerativa.

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    Discreto num terno azul marinho, camisa branca, sem gravata, Geraldo Alckmin atravessou o gradil marrom da Câmara Municipal e ficou em pé, absorto, diante do caixão cercado de flores e gente no plenário dos vereadores.

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    Formavam uma dupla de médicos e políticos, católicos, interioranos e bem-sucedidos.

    Alckmin, quatro anos mais velho, foi vereador e prefeito em Pindamonhangaba, do outro lado do mapa paulista. E “Doutor Miderson” se tornou uma lenda no PSDB da bacia do Paranapanema. Por quatro vezes elegeu-se, no primeiro turno, prefeito da cidade de 23 mil habitantes famosa pelos tapetes de serragem colorida na procissão anual de Corpus Christi.

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    Alckmin passou década e meia no Palácio dos Bandeirantes, como vice-governador, depois interino na doença de Mário Covas e, na sequência, governador em dois mandatos alternados. Foi o mais longevo no comando do governo paulista, desde a redemocratização, com uma rotina de visitas constantes a municípios.

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    Em Taquarituba tinha alguém para falar mais sobre medicina do que de política. Eram o anestesista Alckmin e o obstetra Miderson dividindo histórias da rotina de nascimento, vida e morte em hospitais.

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    À tarde estava de volta à estrada, rumo a São Paulo. Resolveu parar em Itaberá, 50 quilômetros adiante, na direção de Sorocaba, para encontrar o prefeito Alex Lacerda, 48 anos, também do PSDB.

    O partido deles está dividido. Vai às prévias no fim semana para escolher o candidato à Presidência da República. O governador João Doria montou máquina eleitoral eficiente e, aparentemente sem alterar o equilíbrio do caixa estadual, revigorou as finanças das prefeituras paulistas.

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    Alckmin está em campanha para voltar o governo de São Paulo ano que vem. É adversário de Doria, e se retrai como um matuto quando o provocam para diagnosticar a crise no partido, que há um quarto de século comanda o maior colégio eleitoral do país (34 milhões de votos) e o segundo orçamento da República. Visto do interior, o PSDB parece despedaçado.

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    Surpreso com a quinta e imprevista visita de Alckmin, o prefeito de Itaberá sugeriu um café ao candidato. Recebeu a contraproposta de uma visita ao Hospital Municipal São José.

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    O prédio horizontal, pintado de verde e branco, abriga quatro dezenas de leitos e uma UTI. Antes da pandemia, atendia a duas mil pessoas por mês, 95% pelo Sistema Único de Saúde. É vital na região de economia agrícola, onde o nível de mortalidade infantil beira o dobro da média nacional.

    Fluía a conversa do candidato com o prefeito, diretores e médicos, quando surgiu uma emergência —  grávida em situação crítica desembarcando do táxi.

    Seguiram todos para a atendimento, menos o prefeito Lacerda que não é médico. Alckmin se meteu em uniforme verde, gorro na cabeça e sapatilhas plásticas cobrindo os sapatos. Por uma hora ajudou as médicas Gisele e Fabiana no parto de João Mateo, filho da paciente Ludmila e do ansioso pai Roberto. Ao anoitecer, voltou à capital paulista.

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    Morte e vida no mesmo dia — incomum na rotina de um anestesista, inimaginável num roteiro de candidato ao governo de São Paulo.

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